Brilhante incursão na memória do microcosmos moncorvense,como intróito aos versos e à personalidade de Arnaldo Gonçalves. Uma Macondo (como bem lhe chama o Rogério) que eu não vivi mas percepciono como real e verosímil. Uma visão magnífica de um certo mundo paralelo, por vezes grotesco, por vezes comovente, por vezes ainda patético - a merecer talvez a grande e definitiva crónica. Daniel
Posso dizer, sem grande erro, que não conheci nenhuma das figuras citadas, mas, paradoxalmente, tudo me parece familiar. Creio que este brilhante retrato aqui deixado, é um fac-símile do país dos anos 60 e 70.
Veio lá de dentro com os papéis na mão e um ar de enfado na cara. Colocou-os no balcão como se estivesse a fazer o maior favor do mundo. - Quanto é? - Quinhentos escudos. O avô levou a mão ao bolso e pagou. Com a esquerda. A direita tinha o indicador sujo da impressão digital com que assinou. Passou a papelada ao neto, deu os bons-dias e saíram.
Já na rua o rapaz olhou para a escrita. Viu o engano. A conta pouco mais ia além dos oitenta escudos. Percebeu então o enredo, as dificuldades antes levantadas para resolver o assunto, a tramóia. Calou-se. Conhecia o avô. Os quinhentos escudos não valiam uma desgraça.
Dos intervenientes já só resta o rapaz e os papeis. E por aqui me fico que o assunto ainda necessita da pátina do tempo.
A. Manuel
Foi um prazer ler este texto do Rogério Rodrigues. O Dr. Ramiro Salgado não pode estar desiludido. De modo algum!
Bem-vindo a "Torre de Moncorvo in blog".Este blogue destina-se à divulgação do concelho de Torre de Moncorvo e das suas gentes, dando a conhecer a sua História e o Património Cultural e Natural da região, procurando ser também um veículo de informação sobre acontecimentos, realizados ou a realizar, na actualidade.
3 comentários:
Brilhante incursão na memória do microcosmos moncorvense,como intróito aos versos e à personalidade de Arnaldo Gonçalves.
Uma Macondo (como bem lhe chama o Rogério) que eu não vivi mas percepciono como real e verosímil. Uma visão magnífica de um certo mundo paralelo, por vezes grotesco, por vezes comovente, por vezes ainda patético - a merecer talvez a grande e definitiva crónica.
Daniel
Posso dizer, sem grande erro, que não conheci nenhuma das figuras citadas, mas, paradoxalmente, tudo me parece familiar.
Creio que este brilhante retrato aqui deixado, é um fac-símile do país dos anos 60 e 70.
Abraço!
Veio lá de dentro com os papéis na mão e um ar de enfado na cara. Colocou-os no balcão como se estivesse a fazer o maior favor do mundo.
- Quanto é?
- Quinhentos escudos.
O avô levou a mão ao bolso e pagou. Com a esquerda. A direita tinha o indicador sujo da impressão digital com que assinou. Passou a papelada ao neto, deu os bons-dias e saíram.
Já na rua o rapaz olhou para a escrita. Viu o engano. A conta pouco mais ia além dos oitenta escudos. Percebeu então o enredo, as dificuldades antes levantadas para resolver o assunto, a tramóia.
Calou-se. Conhecia o avô. Os quinhentos escudos não valiam uma desgraça.
Dos intervenientes já só resta o rapaz e os papeis. E por aqui me fico que o assunto ainda necessita da pátina do tempo.
A. Manuel
Foi um prazer ler este texto do Rogério Rodrigues. O Dr. Ramiro Salgado não pode estar desiludido. De modo algum!
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