Conforme anunciado, foi inaugurada no passado sábado, dia 18 de Julho, a exposição VESTÍGIOS... - Património Arqueológico e Arquitectónico da região de Moncorvo, organizada pelo Museu do Ferro & da Região de Moncorvo em articulação com o PARM, e patrocinada pelo município através da dotação orçamental para o Museu.
Momento da inauguração, dia 18.07.2009 (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)Esta mostra comporta 10 painéis fotográficos, organizados cronologicamente, desde os Tempos Pré-históricos, passando pelo mundo "Castrejo", o período da Romanização (com uma agricultura intensiva, a mineração/metalurgia e a difusão da Escrita), a Idade Média (com as características necrópoles de sepulturas escavadas na rocha, povoados fortificados e aldeias, a arquitectura românica com vestígios na desaparecida capela de S. Mamede do Baldoeiro e a igreja matriz de Adeganha, o castelo e vila de Torre de Meem Corvo), a Idade Moderna (com a igreja matriz de Torre de Moncorvo, a igreja da Misericórdia, a ponte do Sabor, o eremitério da Srª. da Teixeira com os seus frescos, fontes e chafarizes, solares, etc.), os antigos caminhos lajeados (praticamente todos destruídos nos últimos 20-3o anos!), o património rural, a arqueologia industrial e mineira...
Este acervo fotográfico resulta na quase totalidade dos Arquivos do PARM, com bastantes fotografias a preto & branco, com mais de 20 anos. Não são imagens de profissionais da fotografia mas sim de jovens arqueólogos (ou candidatos a tal) que, com entusiasmo, em boa hora registaram valores patrimoniais que hoje não são mais que meros "Vestígios", em alguns casos já desaparecidos.
O Dr. Rui Leonardo (co-organizador da exposição) explicando o painel sobre o período "castrejo" (Idade do Ferro) na região (foto N.Campos)
Além das fotografias, complementam a exposição uma série de objectos, que começam logo a aparecer no início do percurso, ao entrar-se na galeria do Museu que dá passagem para os jardins das traseiras: uma pedra decorada românica proveniente da desaparecida capela de S. Mamede (Baldoeiro); um pequeno sarcófago medieval recolhido na Adeganha, nos anos 80, várias pedras da igreja de Santiago da Torre de Moncorvo, a primitiva igreja do povoado, ainda antes de ser vila (referida nos meados do séc. XIII) , etc., e, finalmente, no interior do auditório, mais peças em granito, em xisto, machados polidos, cerâmicas, moedas, etc. Tudo disposto de forma a contar uma história, a história da nossa região nos últimos 15 a 20.000 anos... uma longa viagem aqui resumida através de uma série de Vestígios...
Logo no início é feita uma evocação dos pioneiros que estão na base dos primeiros reconhecimentos arqueológicos realizados na região, desde há mais de 100 anos: Abade José Augusto Tavares (1868-1935), Professor Santos Júnior (1901-1990), Professor Adriano Vasco Rodrigues, entre outros, culminando no aparecimento do PARM em 1983, no seguimento dos primeiros trabalhos individuais e incipientes de um dos elementos do grupo. Este grupo informal só viria a adquirir a fórmula jurídica de associação sem fins lucrativos (que ainda hoje mantém), por escritura pública celebrada em finais de 1986.
O Presidente da Câmara, Engº Aires Ferreira, observando atentamente a exposição (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)
A última grande exposição sobre Arqueologia e Património edificado da região foi organizada pelo PARM em 1986 (sendo reeditada em 1987, a pedido do município, por ocasião de uma visita do então Presidente da República, Dr. Mário Soares). Algumas imagens agora patentes foram aproveitadas dessa mostra, obviamente noutro tipo de suporte. A ideia da exposição surgiu no início do ano de 2009, após a entrega do relatório e ficheiro do inventário arqueológico do concelho para o novo PDM. Após se terem revisitado os Arquivos e ficheiros da associação, entendeu-se pertinente voltar-se a fazer um novo balanço dos conhecimentos, até porque se poderia constituir um embrião da sala de Arqueologia e História que desde sempre esteve prevista no âmbito do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo.
A razão de ser neste período do ano prende-se com o impacto que se pretende dar ao evento, uma vez que durante o Verão é sempre maior o número de visitantes, quer sejam moncorvenses que se encontram a trabalhar fora e que "vêm à terra" nesta época, quer sejam turistas de outras paragens, interessados em alternativas ao "sol e praia".
Aspecto geral da exposição, no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo (foto Patrick Esteves/Foto-Bento)
Esperamos manter esta exposição com carácter programático e permanente até à organização da sala de Arqueologia & História do Museu. No entanto, como é possível que algumas peças venham a ser recolhidas por motivos de conservação, recomendamos vivamente a sua visita quanto antes, aproveitando este período de férias de Verão. De caminho pode dar um salto ao Centro de Memória e saber mais sobre a história contemporânea de Torre de Moncorvo, complementando a sua viagem temporal. - Pode crer que depois de estar na posse destas "chaves de leitura" vai apreciar melhor os monumentos, o urbanismo, as paisagens e as pessoas. Depois dessa introdução, terá decerto entrado no espírito da terra... desta terra.