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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

S. Martinho de Maçores


Realizou-se neste fim de semana (dias 8 e 9) a tradicional festa de S. Martinho de Maçores. Apesar do dia de preceito ser o 11 de Novembro, os organizadores resolveram antecipá-la por calhar em dia de semana (também aqui a tradição a ceder aos ritmos dos novos tempos…)

Continuou a fazer-se a ancestral “procissão” com o caldeiro cheio de vinho, pelas ruas da aldeia, com acompanhamento do gaiteiro vindo das terras de Miranda, e o magusto colectivo nas Eiras. A animação nocturna ficou a cargo do impagável Quim Barreiros (que já aqui tinha actuado há poucos anos) e de um conjunto da região, isto além do programa religioso.



Mas, aproveitando o tema, será bom recordarmos excertos de um texto do nosso saudoso mestre Padre Joaquim M. Rebelo, incluído nas Actas de um congresso intitulado: “A festa popular em Trás-os-Montes”, realizado em Novembro de 1993 (a publicação é de 1995). Começando pelo princípio, aqui vai:

“Resumo biográfico de S. Martinho

S. Martinho nasceu na Panónia (Áustria, Hungria?), cerca do ano 316, de pais pagãos. Depois de aos 18 anos receber o baptismo, renunciar à carreira militar e ter viajado pelo Oriente, onde se iniciou na vida monástica, fez, por algum tempo, vida de ermitão.

Fundou alguns mosteiros mas o mais famoso foi o de Ligugé (França) onde levou vida monástica sob a direcção de Santo Hilário.

Foi depois ordenado sacerdote e mais tarde eleito bispo de Tours.

Pregou o Evangelho pelos campos da Gália numa linha de extirpar os restos de paganismo, a superstição e a ignorância do povo e foi durante muitos séculos o santo mais popular da Europa Ocidental pela nobreza de carácter, pela sua bondade (a capa de S. Martinho…), humildade, etc..

Morreu no ano de 397.

A sua memória litúrgica é a 11 de Novembro.”


Ou seja, na sua biografia nada o relaciona com o vinho. Aliás, o padroeiro dos vinhedos do Douro, não é S. Martinho, mas sim Santa Marta (que, ao que conste, também não era nenhuma “borrachona”!...).

A associação de S. Martinho ao vinho parece derivar apenas do facto de o ciclo da fermentação e apuramento do mosto, transmutado em Vinho, se consumar por volta da data consagrada ao referido santo (a vida agrícola regulava-se pelo calendário a que o Cristianismo associou os seus santos mártires e festas litúrgicas, normalmente sobrepostas às festas pagãs pré-cristãs).

Assim, quanto ao S. Martinho, foi ainda o Pe. Rebelo quem recolheu os seguintes ditos populares: “Pelo S. Martinho, todo o mosto é bom vinho”; “No dia de S. Martinho (11/11) prova o vinho, mata o porco e põe-te de mal com o vizinho”; “No dia de S. Martinho (11/11), lume, castanhas e vinho”.


Mas, voltando à festa de S. Martinho de Maçores, devolvamos a palavra ao Pe. Rebelo, que a descreveu a partir de uma recolha que fez em 1990:


“(…) A festa mais (típica, semi-pagã) do concelho de Torre de Moncorvo, embora, ultimamente, esteja a ser adulterada com a introdução dos conjuntos musicais, é a do S. Martinho, freguesia de Maçores, que se celebra a 10 e 11 de Novembro (…).

‘É uma festa que nada se assemelha a das outras vizinhas’, diz-me um velhote a viver intensamente a festa.

‘Há três coisas que não faltam na festa – acrescenta o idoso – o vinho na caldeira, as castanhas e o gaiteiro’.

‘É uma festa muito alegre, até se diz que é a festa dos bêbados’.

No dia 10 chega o gaiteiro, ‘cuja chegada é anunciada com o estralejar dos foguetes’.

Depois o gaiteiro é ‘sorteado pelas mordomas para ver quem irá dar o alojamento ao mesmo’.

Logo que chega, o gaiteiro, acompanhado por ‘alguns homens de diversos níveis etários’, dá volta à povoação, não se calando até à hora do jantar (cear).

À noite, há o arraial com um ‘conjunto’ e a arrematação de prendas oferecidas pelas moças.

Dia 11 é o grande dia. Da parte da manhã, o gaiteiro percorre novamente as ruas tocando e os acompanhantes cantando e dançando.

De tarde há a missa e a procissão acompanhada pelo gaiteiro que toca canções religiosas, como o ‘Queremos Deus’, ‘Santos e Arcanjos’…etc.’

A seguir, para estes camponeses chega a parte mais importante da festa – o magusto, ‘porque, segundo o tal velhote, se o S. Martinho fosse vivo, era quem mais cantava e dançava’.



O magusto comunitário iniciou-se por volta das dezasseis horas. Antes, porém, o gaiteiro percorreu, novamente as ruas da aldeia acompanhado de muitos homens e rapazes com uma caldeira enfiada numa vara de cerca de dois metros de comprimento segurada por dois jovens, e na qual foi deitado o vinho oferecido pelos proprietários da terra.

A caldeira, que leva, talvez, mais de 10 litros, está cheia e ‘agora levada pelas ruas por jovens, com o gaiteiro. Toca-se, canta-se e dança-se, dá-se de beber a quem passa.

E todos os estranhos que neste dia aparecem em Maçores são obrigados a beber de bruços na caldeira. Se não beberem mete-se-lhe a cabeça dentro da caldeira.


O cortejo encaminha-se para o lugar das Eiras, onde o magusto se vai realizar.

Durante esta ‘procissão’, que o gaiteiro e o povo fizeram pelas ruas da aldeia, antes de chegarem ao lugar do magusto, cantam quadras como estas:


Ai eu hei-de morrer na adega,

Ai o tonel seja o caixão

Ai o vinho seja a mortalha

Hei-de morrer com o copo na mão.


Minha sogra morreu ontem,

O diabo vá com ela,

Deixou-me as chaves da adega

E o vinho bebeu-o ela (…)


O cortejo chegou finalmente ao largo das Eiras onde se vai fazer o magusto. A palha espalha-se no largo e as castanhas, em grande quantidade, são lançadas nessa palha à qual se ateia fogo. (ver foto acima)

Os foguetes estralejam, as castanhas removidas por homens, com compridas varas, estoiram aqui e ali provocando a hilaridade que contagia velhos e novos.

As pessoas vão aproveitando, não há fronteiras sociais, para comerem as que lhes parecem melhores, deixando as glórias ou piadas (castanhas encruadas) e as queimadas.


(…) Entretanto, os rapazes, e não só, aproveitam o fim do magusto para enfarruscar sobretudo as raparigas, que lhes retribuem na mesma moeda ‘ficando negros como carvoeiros’. Entre uma gargalhada, uma castanha, um gole de vinho e uma enfarruscadela à parceira ou parceiro do lado, acaba o magusto.



Regresso à aldeia. E a festa continua pela noite dentro com o gaiteiro resfolegando e a malta, já meio enrouquecida, cantando”.


Desta feita, em 2008, já no século XXI, a festa perdura e ainda foi mais ou menos assim. Terminando com o Quim a debitar: “e o cavalo do teu pai, e a égua da tua mãe, e o porco do teu irmão, "…etc. para já não falar da sua mais romântica canção (diz ele): "quero cheirar o teu bacalhau, Maria!..."



Para o ano há mais!


Texto: N. Campos e Padre J.M.Rebelo, artigo citado (em itálico).

Fotografias: de autoria de Filipe Camelo, tiradas nos dias 8 e 9 de Novembro de 2008.


Nota1: Entretanto, pode visitar o fórum de Maçores (é preciso registo prévio): http://www.macores.pt.vu/

Nota2: ainda sobre este tema, pode ainda visualizar algumas excelentes fotos da festa de 2006, da autoria do nosso colaborador António Basaloco, em: http://www.antoniobasaloco.org/gentes97.htm

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Receita Tradicional - Batatas à Espanhola ou à Bispo


Colocar a panela ao lume (preferência ao lume a lenha)com água, desfiar o bacalhau e lava-se, colocar às camadas as batatas e o bacalhau, após tudo cozido escorrer bem a água, numa frigideira deitar cebola, azeite bastante, pimento e alho, misturar tudo num pote, tapar um bocadinho. Esperar 5 minutos, está pronto a comer, no caso de não pretender colocar o bacalhau e as batatas às camadas, também se podem misturar.

CULINÁRIA TRADICIONAL TRASMONTANA - 3ª RECEITA

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Receita Tradicional - Tripas


Preparam-se as tripas e os pés do cordeiro, cozem-se com louro, salsa e sal, cortam-se aos bocadinhos, colocar num recipiente com azeite, louro, salsa e vinagre, unto ou pingo. Tudo isto é refogado. Após o refogado deita-se um bocadinho de água e pimento, migam-se e deitam-se as sopas, com dois ou três ovos batidos, servir tudo numa travessa. ( Prato usado durante a época das matanças).

CULINÁRIA TRADICIONAL TRASMONTANA - 2ª RECEITA

sábado, 9 de agosto de 2008

Receita Tradicional - Ovos Doces


DEITA-SE ÁGUA E ACÚCAR NUMA SERTÃ.DEIXA-SE DISSOLVER O ACÚCAR.PARTEM-SE OS OVOS PARA DENTRO, E DEIXA-SE COZER.COMEM-SE COM PÃO. É COMIDA FORTE, USADA DURANTE O INVERNO.CONFECCIONA-SE E COME-SE NO MOMENTO.

CULINÁRIA TRADICIONAL TRASMONTANA - 1.ª RECEITA

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