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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Prova de Ferro - II

Alto da serra, na zona das minas, onde a vegetação recuperou os seus direitos. Ao fundo, o Alto de Felgueiras.

O itinerário da próxima visita guiada empurrou-nos desta vez serra acima, em direcção à Ferrominas. Galgámos o estreito carreiro, que conduzia ao cume do monte, e aí iniciámos a exploração na nossa aula de Ciência Viva. Era evidente aos olhos de todos que o matagal começava a abondar por entre o esquecimento da exploração mineira. Por isso, as feridas abertas no ventre da montanha estacavam e iam cicatrizando em circunscrição mais apertada. Talvez por essa razão o som cavernoso que soou do subsolo nos tivesse atingido os tímpanos e a alma num clamoroso sofrimento.
- Donde vem este gemido?
- Será o latido de um cão ou o uivo de um lobo?
- A mim parece-me um cão!
Cada elemento do grupo tentava assim clarificar a situação, mas o esclarecimento do Professor não nos deixou na dúvida. Aquela era outra das formas encontradas de se livrarem do animal indesejado por velhice, doença ou algum acidente cinegético. Acorremos curiosos ao local donde provinha o barulho. Espreitámos, em vão, pela estreita abertura, rodeada por pequenos tufos de erva e vergônteas de giestas à mistura. Dali não se vislumbrava o mais pequeno clarão, nem se podia adivinhar a dimensão da profundidade da galeria. Não era só o cão que supostamente se encontrava encurralado, também nós pressentíamos a impotência de poder chegar perto do bicho.
O Professor, conhecedor daqueles domínios, meteu-nos encosta abaixo e abriu-nos a cavidade de uma grande caverna. O terreiro ao seu redor permanecia um queixo limpo e de lisura irrepreensível de fêmea. Enfiámo-nos por ela adentro com os ossos enregelados da frescura íntima das entranhas de fraguedo e terra. Sem atavios que nos iluminassem e protegessem de alguma iminente derrocada, o Professor ordenou-nos que não avançássemos. Seguindo as pisadas dos velhos carris abandonados, sem vagões que os transportassem a eles ao fundo longínquo do túnel ou a nós de volta até à saída como dantes acontecia com o minério, ficámos ali especados e completamente imbuídos na semi-escuridão. Num repente, o brado do pobre animal chegou-nos novamente tal e qual o refluxo instantâneo e veloz de uma combustão explosiva de gases. Escutado de dentro da caverna, o bramido tornava-se lancinante.
- Vamos seguir o eco e procurar o pobrezinho! – implorou a Josefina.
- Impossível! Nunca o encontraríamos…
- Mas porquê?
- Olha além mais para a frente! Temos já ali duas narinas que nos conduziriam a sítios muito distintos e distantes…
- Vamos tentar! Vamos…
Sem perder a paciência, mas com visível consternação, diz-lhe para tomar atenção ao respiradouro; uma espécie de chaminé esguia, que ligava o interior da galeria à impoluta respiração de fora. Explicou-lhe que havia vários daquele género na continuidade do subterrâneo e que nem todos estavam tapados como este. Em seguida, olhou-a nos olhos, com firmeza, e disse-lhe:
- Pode ter sido empurrado por qualquer um destes respiradouros, não percebes?
Avizinhava-se a tarde e quando o pôr-do-sol descaía no horizonte banhado de montanhas escuras, passou um morcego que fustigou, com as suas asas abertas, o rosto de Josefina. Aquele roçar inesperado das membranas das mãos volantes petrificou-a. Felizmente, o Mestre exclamou a tempo:
- Quando eles regressarem, pela manhã, do seu esconderijo diurno, lá para os lados da barragem de Vale de Ferreiros, serão o melhor guia para chegar até ao covil!
Ia Josefina perguntar se havia mais, mas ficou queda e muda: uma revoada de microquirópteros deslumbrou-nos a vista, ao mesmo tempo que nos fez baixar instintivamente as cabeças.
- Mas temos de ir andando, que se faz muito tarde! – avisou o Professor mais assustado pelo adiantado da hora do que pelos morcegos.
(continua)

Por: Maria Isabel Fidalgo Mateus
Fotos: N.Campos

A Prova de Ferro - I

Recebemos, para postagem, mais um conto recente e inédito, da nossa parceira de blogue, Isabel Mateus. Tem por cenário as minas de ferro de Moncorvo, que se avistam nesta foto, ao longe:

Cenário do conto. Ao fundo, do lado esquerdo, a serra do Roboredo, onde se localizam as minas de ferro da Carvalhosa; ao centro a ribª. de Santa Marinha (foto de N.Campos)

O nosso professor levava-nos, uma vez por outra, por montes e vales e esgalgados ribeiros. Dizia ele que era importante conhecermos o sabor daquela beleza com os demais sentidos. O relancear dos olhos não lhe bastava. Mais tarde, a nós também não!
Pela manhã, calcorreávamos as redondezas, descíamos os desfiladeiros com as solas dos sapatos presas ao cascalho e depressa mergulhávamos as mãos nos regatos cristalinos que irrompiam pelas pedrinhas xistosas, puídas, muito finas e lisinhas. Mas num desses passeios deparámos, subitamente, com um cachoeirão de água funda. Este estava encavalitado sobre conchas enormes de rocha e rodeado por uma profusão de silvas-machas, cujo veludo verde-claro dos fetos alcatifava e o escuro das junças pontiagudas de novo espicaçava. As águas jorravam barulhentas, em redemoinhos numa reflexibilidade distorcida da harmonia do azul do ar, da brancura dos novelos de lã do céu e do canto dos pássaros. Foi ali sentados que descansámos da longa caminhada. Nisto, o Júlio não se conteve e perguntou:
- Qual é a serventia deste poço?
- Então não se vê logo que é para o gado beber?! – reclamou o Zé, muito seguro da sua resposta.
- Mas para isso bastava o ribeiro! Assim até as cabras e as ovelhas lá podem cair e depois não conseguem sair – retorquiu de novo o Júlio.
- E se ninguém as tirar a tempo, podem afogar-se – observou conscienciosamente a Candinha.
- É verdade, sucede o mesmo aos cães grandes quanto mais aos cachorrinhos!...
Esta sentença de morte veio da parte do Professor. Aí nós, os garotos, não nos contivemos:
- Os cachorrinhos?
O Professor, com a calma que pôde e a que já nos habituara, contou-nos que as cadelas pariam muito. No tempo em que havia mais ovelhadas e cabradas a mortandade era menor, porque se precisavam de mais patas e ladradelas para juntar as reses tresmalhadas por algum pasto muito apetecido, se bem que proibido, para as conduzir às cortes e caçar alguma lebre ou caçapo e levantar alguma perdiz. Agora estas continuavam a procriar e não se sabia o que fazer a tanta cria! Em vez de andarem cheios de fome, porque os montes estavam cada vez mais secos e a caça e o soro diminuíam, decidiam botá-los ao lago. Traziam-nos à socapa, quando a mãe sacudia as tetas moles e sem leite, após a mamada da manhã. Abafados os ganidos de recém-nascidos num saco de lona grossa para não saberem o caminho de volta, transportavam-nos assim às costas e ali os deixavam. Arrepiava-os o primeiro contacto com a limpidez fria das águas, contudo o instinto abria-lhes os olhos e movimentava-lhes as patas ao encontro coordenado do ritmo ondulado da queda de água. Frágeis e pequeninos, o mesmo impulso inato imobilizava-os com a desculpa da fadiga. Se a progenitora não os tivesse seguido, o que por milagre esporadicamente tinha lugar, morreriam afogados. Não havia outro fim possível à vista!
O regresso à escola para a hora do almoço arrastou-se penoso devido àquele relato arrepiante, pelo cansaço das pernas encosta acima e a fome, que também não transmitia força a nenhuma parte do corpo. Excepcionalmente guicha e iluminada, a imaginação de cada um de nós não parava na tentativa de rememorarmos a cena dos pequenos caninos. Muitas versões flutuavam nas nossas cabecitas, coincidindo quase todas no final feliz do salvamento, até que o povoado e a própria casa da aula se nos meteram pela frente.
(Continua)

Por: Isabel Maria Fidalgo Mateus

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Descobrir


Mestre,
Ideias novas não surgem,
Apesar de tanto pensar!

Apesar de tanto pensar,
Ideias não emergem,
Mestre!

Olho de um e de outro lado,
Como me tens tanto ensinado,
Olho o caminho já caminhado,
E nada, nada de novo vislumbrado!

Que problema, mestre!

Estou cansado, olhos sem ver, enraivecido,
Quase tudo me parecendo ter esquecido;
Mas lembro-me de ti a dizer
Que solução há-de haver!

Dizes-me que talvez este ainda não seja
O tempo para o meu fruto colher,
Por tempo ainda o fruto não ter
Para, naturalmente, amadurecer.
Dizes-me ainda que tranquilo esteja
E a reflexão ao sol deixe a aquecer.

Olhos semi-cerrados,
Abertos e fechados,
Vendo sem ter de ver,
Por profundo saber,
Em sábio gesto de mundo abarcar
Dizes-me ainda para descansar e olhar!


Olha!

Olha a borboleta lá fora,
A chamar-te,
A voar na primavera,
Voando de flor em flor,
Em hino ao amor.

Olha,
Faz isso, vai com ela,
Procura a luz,
Olha o céu,
Voa, voa, voa,...
E volta,
Tranquilo!

Volta então à tua reflexão.
Fixa bem os pressupostos,
Define bem os objectivos
E parte, decidido, a caminhar,
À procura da certa solução
Que decerto vais encontrar.

Minimiza o duro caminho,
Que é duro o caminho
E, quantas vezes, difuso,
Em nevoeiro escondido.

Chora quando tiveres que chorar!

Vê os desvios do caminho,
Assinala-os com raminhos de acácia
Mas não te desvies do traçado primordial.

Talvez a eles possas voltar mais tarde,
Quem sabe se para muita sede
Poderes então saciar em inesperadas fontes
Que neles poderás então encontrar,
Para novas lágrimas poderes chorar!

Mas não te deixes agora inebriar.
Olha os pressupostos e os objectivos;
Olha apenas o caminho principal,
O caminho principal!

Ao caminhar,
Faz como o vedor,
Mesmo que nele não acredites;
Sente os sinais,
Mesmo que sinais
Não te pareça encontrar.

Há sempre sinais!

Vai caminhando,
Pára de vez em quando,
Refresca a mente,
De lágrimas eventualmente,
E sente!

Há sempre sinais!

Sente o pulsar do coração
E o pular do pensamento!

Caminha e sente,
Que há sempre sinais!

Há sempre sinais!

....

Sim, mestre,
Estou a sentir,
A ver afloramentos,
A fazer acontecimentos,
A descobrir!

Obrigado,
Mestre!

2009-02-20
J. Rodrigues Dias

1.ª Fotografia - Pormenor lateral da Igreja Matriz de Torre de Moncorvo.
2.ª Fotografia- Pormenor numa Capela de Felgueiras.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Detalhes em Ferro 5


Portão da casa do do comendador Francisco António Pires, no Felgar. A casa tem dois imponentes portões, iguais, cuidados de forma exemplar. São à base de ferro fundido com bonitos elementos florais. Ao centro têm as iniciais "AP". Estão pintados a vermelho com alguns elementos a branco. Um felgarense já adiantou no Blogue que datam de 1886! Devem ser exemplares únicos no concelho.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Detalhes em Ferro 4

Também na Lousa podemos encontrar interessantes trabalhos em ferro forjado em muitos gradeamentos de escadas e varandas. Numa capela no meio da aldeia encontrei a sineta que a fotografia documenta. Este campanário não é em pedra como é mais usual, é em ferro forjado!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Detalhes em Ferro 3

Nem só o que é velho e ferrugento chama a atenção do fotógrafo (embora isso aconteça com muita frequência). Os Detalhes em Ferro da fotografia (ferro fundido e ferro forjado), foram captados em Peredo dos Castelhanos num portão muito, muito recente.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Detalhes em Ferro 2

Já quase depois do sol se esconder, encontrei este bonito portão no Felgar. A solução foi fotografar contra o céu, tentando captar os contornos do ferro forjado. É um exemplar muito bonito, com um trabalho muito pouco frequente.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Detalhes em Ferro 1

Quero agradecer aos que estiveram presentes, ontem, no Museu do Ferro, e a todos os que ainda vão passar por lá, durante o mês que se segue, para admirarem Detalhes em Ferro. Entretanto, chegou a altura do tema se estender ao Blogue. Os detalhes em ferro de hoje foram captados em Carviçais, freguesia que tem lindas varandas em ferro forjado, à espera de serem mostradas.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Exposição de fotografia

Já é hoje o dia da inauguração da exposição de fotografia "Detalhes em ferro". Ao contrário do que foi divulgado, a inauguração vai acontecer às 16:00 horas.
Todos os visitantes do Blogue estão convidados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Exposição de Fotografia


Exposição de Fotografia: Detalhes em Ferro
Fotografias de Aníbal Gonçalves
Abertura da exposição no dia 21 de Fevereiro às 15:30, no Museu do Ferro, em Torre de Moncorvo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Verdes são os campos ...

... mas cada um vê com seu olhar.
Porta, na Rua da Misericórdia. Torre de Moncorvo.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Vende-se


Janela, na Rua do Castelo, em Torre de Moncorvo.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Postigo

Pormenor numa porta, na Rua da Misericórdia, em Torre de Moncorvo.

terça-feira, 27 de maio de 2008

À espera que alguém entre



Na Rua do Castelo
, em Torre de Moncorvo.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

o ferro... e a alma


terça-feira, 13 de maio de 2008

Varanda

Vista parcial de uma varanda junto à igreja matriz de Moncorvo.

segunda-feira, 12 de maio de 2008




Ponte do sabor (pormenor do antigo parapeito)



sábado, 10 de maio de 2008

Portão do cemitério


Com a proibição do enterramento nas igrejas, no séc. XIX, foram criados os cemitérios públicos.
O portão do cemitério de Torre de Moncorvo ostenta a data de 1869, sendo um trabalho notável em ferro forjado e fundido, obra de ferreiro desconhecido.
foto: a.basaloco

terça-feira, 6 de maio de 2008

à volta do ferro


A Matriz com o anel
de ferro e do tempo

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