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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mãe

Pedindo desculpa por certo intimismo, ofereço este soneto a todas as Mães moncorvenses, evocando a minha própria Mãe que era natural de Castelo Melhor e certamente viu muitas vezes florir as amendoeiras nesta altura do ano.


o teu rosto pertence a estes montes,
a tua voz colhe do rio e nele flui o percurso
da memória, tal o mundo, tal o discurso
que em mim te nomeia, como se fossem pontes

do passado para o meu peito, agora mais cansado,
mais lento o gesto, mais suave a mão
vem tudo de ti e eu não sabia, tudo repete o que não
pude dizer-te junto de ti tocando-te o cabelo, sentado

vê agora comigo estes campos – a luz da alva
sobre a névoa descobre os ramos floridos
da amendoeira, é já manhã e os cheiros crescem

húmidos da terra, num antiquíssimo rumor
que só agora desvendo nos teus braços doridos
como se fossem os meus próprios braços que renascem


8 de Fevereiro de 2010

6 comentários:

Júlia Ribeiro disse...

Não peça desculpa, Daniel. Cada palavra do seu soneto evoca um olhar, um gesto, uma carícia, um sorriso, uma lágrima das nossas mães. De todas as mães.
E dentro de nós as memórias que delas ciosamente guardamos continuam a apaziguar-nos.
Obrigada por um momento de tal beleza e ternura.

Um grande abraço
Júlia

Augusto disse...

Lindo.Lindo.Do alto dos nossos mais de 50 anos,lemos com atenção e sentimos em nós cada palavra,cada momento,cada gesto.

Parabens.

Augusto Matos Martins

A.L.R disse...

Não peça desculpa. Eu como mãe e filha que sou revejo-me inteiramente no seu poema. Podemos estar longe da nossa terra, mas nunca, nunca, deixaremos de ser transmontanas.
Por isso obrigada pela evocação às mães transmontanas e não só.
obrigada.

vasdoal disse...

Poesia que brota da Mãe Terra.
Abraço,
João

Anónimo disse...

Excelente poema, na linha a que o Daniel já nos habituou. Os montes e o rio a que se refere quase podem ser os que estão na foto do post seguinte (Castelo Melhor fica um pouco mais para o lado esquerdo, no limite da foto). De um lado e do outro, terra de amendoeiras, como as que se vêm em 1º. plano.
n.

Anónimo disse...

Belo, Comovente, MAGNÍFICO!!!!

Obrigado por este momento.

E:L

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