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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Uma noite de Natal moncorvense, há 109 anos...

Falámos aqui há dias na "missa do galo" e "fogueiras do galo", nas noites do Natal tradicional. Todavia havia ainda outras "tradições" que felizmente se perderam. E por falar em galos, naturalmente havia quem levasse a coisa a preceito e provocasse outros "galos"... na cabeça do parceiro! Era o tempo dos famosos "índios" da Corredoura, que vinham a atacar os "cowboys" da vila, e... nada menos que na noite de Natal!!!
Mas, passemos a palavra ao impagável Francisco Justiniano de Castro (com a sua ortografia muito peculiar):

"Dia 24 de Dezembro [de 1900], à noite, na ocasião em que se intrava para a missa do gallo veio uma malta da corredoura armada de paus e foices dando vivas à rapaziada da corredoura... também andarão pelas ruas a dar os mesmos vivas feitos pimpões e no adro quando estava o abbade a dar o menino deos nacido a beijar ó altar armarão um grande barulho que athe ouve tiros de revolve, e querião matar o António da Assumpção Albardeiro que o admnistrador e o filho e o polícia nº. 8 virão-se parvos para os acomodar que athe quizerão bater ó administrador e depois na praça tornou áver outra desordem, e também tiros de revolve, os fridos que aparecerão forão o filho mais velho de Luis Patuleia que lhe abrirão a cabeça com uma arrochada, e com o jaquetão e a faixa furada por uma bala; e o filho do Sebastiãozinho Pastor da cordoura também com um tiro no braço esquerdo, e o filho mais novo do Luis Patuleia também com a cabeça rachada, o snr. Administrador mandou alevantar um auto de investigação mas as testemunhas que depuzerão nem uma viu quem deu os tiros, nem quem bateu".

in: "Moncorvo, fim de século. Caderneta de Lembranças". Transcrição dum manuscrito e notas do Doutor Águedo de Oliveira" - Edição dos "Amigos de Bragança", 1975.

Iluminações natalícias

Ainda em tempo, aqui ficam alguns aspectos da iluminação natalícia deste ano, na nossa mui nobre villa.
Aspecto de uma "árvore de Natal" feita de luzes, no antigo Rossio da vila, actual largo General Claudino (também conhecido noutros tempos por "praça das regateiras"),
Pela rua das Flores, engalanada de luzes, a caminho da praça central - a beleza nocturna do centro histórico neste período do ano.

Chafariz filipino com edifício do Tribunal ao fundo, na praça Francisco Meireles.

Rua Constantino Rei dos Floristas, outra das vias de acesso à praça, brilhando com estrelas de luz...
Esta iluminação deverá manter-se até ao dia de Reis.
Torre de Moncorvo - uma proposta de visita, também nesta época do ano!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Felgar - "Fogueira do Galo" II

Complementando a reportagem anterior do "pucareiro" Tó Manel, aqui ficam mais algumas imagens (nocturnas), de uma das "fogueiras do galo" do Felgar. Nas fotos, trata-se da fogueira do largo Santa Cruz; a outra é feita no largo da igreja. O normal era fazer-se uma só fogueira, por cada povo, mas talvez o Felgar pretenda agora compensar as terras onde já não se fazem estas fogueiras natalícias, como acontece na vila de Moncorvo, onde antigamente se acendiam na Corredoura.

As "fogueiras do galo" seriam assim denominadas porque se acendiam após a "missa do galo" (pela meia-noite do dia de nascimento de Jesus). O canto do galo teria o significado de anúncio desse Nascimento, para os cristãos o acontecimento fundador de uma nova era, prenunciada pelos Profetas. Todavia, sabemos hoje que o Cristianismo ajustou o seu calendário religioso a uma religiosidade de fundo muito mais antiga, a que chamou de pagã. Assim, no tempo do paganismo já se acenderiam fogueiras por alturas do solstício de Inverno - pretendem alguns que para "chamar o sol" em agonia, no dia da noite mais longa do ano - tal como se faziam no solstício do Verão: as fogueiras do S. João.
Estamos perante reminiscências de fogos rituais, sagrados, que tinham por função reunir as tribos num contexto de celebração, organizando o Tempo e honrando as potestades intimamente associadas à Natureza, da qual dependia o calendário agrícola. Ou seja, em última instância, estamos perante ritos que mergulham as suas raízes na noite dos tempos, quiçá no Neolítico Final/início da Idade dos Metais, quando se erigiram os primeiros monumentos neolíticos que teriam o seu expoente máximo no grande "cromelech" de Stonehenge (Inglaterra).
Por todo o Trás-os-Montes se faziam estas "fogueiras do galo", na noite de Natal, e, mandava a tradição que fossem os rapazes da aldeia (tal como os jovens guerreiros da tribo) a carregar a lenha pelos diversos cantos da freguesia, utilizando para isso carros de bois, que pediam por empréstimo, mas sem utilizarem os bois, ou seja, eram puxados pela rapaziada, num misto de sacrifício, mas também de força comunitária, aplicando-se o princípio de que "a união faz a força". No fundo estava em jogo a solidariedade e a unidade da comunidade; depois era o garbo, o treino da robustez física que se expressava noutras terras através da luta da "galhofa" (agora só pelas terras de Bragança), o alarde da capacidade de fazer uma fogueira maior do que a do povo vizinho. Os carros de bois chegavam a galgar paredes, carregados com possantes troncos de castanheiros, tal era a força bruta dos "jovens guerreiros" que para ali canalizavam as suas energias, forma de combater também o frio!
Depois era o momento da confraternização, noite dentro, tendo como mágico elixir anti-frio, além do calor da fogueira (exterior), o garrafão do vinho, para aquecer as almas (o interior). Claro que tudo isto só terá resistido à ortodoxia católica, sob o argumento de que a fogueira era para aquecer o Deus-Menino.
Sobre o Menino-Deus poderíamos associá-lo ao novo ano que nasce com o solstício do Inverno, num arco de transição que vai de 22-25 até ao dia de Reis (6 de Janeiro). Por isso, também mandava a tradição que a fogueira se aguentasse acesa até aos Reis.
Analisando as fotografias, vê-se bem que a tradição, no Felgar, ainda é o que era, se bem que os gigantescos troncos de castanheiro e outras lenhas, venham agora de atrelado puxado por tractores, e que certos desencontros de opinião tenham desembocado em duas fogueiras. Afora isso há que felicitar os felgarenses por manterem acesa a chama das nossas tradições ancestrais.
Texto e Fotos: N.Campos
(Nota: clicar sobre as fotos para as ampliar)

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Felgar - Fogueira do Galo

No dia 24 de Dezembro cumpriu-se a tradição: acenderam a fogueira, aqueceram o Menino.

No dia 25 encontram-se em torno da fogueira os residentes e aqueles que "fazem pela vida" noutras paragens. Confraternizam, matam saudades.

Mas a cada ano que passa nota-se e sente-se que são cada vez menos os que regressam nas quadras festivas.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

NATAL da MINHA TERRA II - A Tradição ainda é o que era!

Sábado de manhã, rompemos em direcção a Londres. O sol, a reflectir o brilho dos raios na natureza alva de neve, animava as três longas horas da caminhada. As ovelhas pastavam animosamente, para seu espanto e nosso, a verdura branca. Via-se algum corvo a voar contra o ar lavado do céu azul-claro e a luminosidade do peito avermelhado de um ou outro “robin” a faiscar por ente os galhos repletos de neve.

Antes de chegarmos ao destino, parámos numa dessas estações de serviço onde se ingere depressa a habitual “fast food”. O sinal da diferença foi suscitado pela simpática Assistant Manager do Costa Café. Se não fosse pela língua que se falava e pela mercadoria que se vendia, dir-se-ia que nos encontrávamos nalgum café de bairro português: o docinho para a menina, o sorriso e a conversa e a familiaridade. Abalámos dali mais satisfeitos.

Pouco tempo depois, estacionávamos num bairro simpático da imensa cidade londrina. Abriram-nos a porta daquele pequeno “reino maravilhoso” do “Little Portugal” duas senhoras portuguesas. Indicaram-nos, muito conscienciosas do seu papel de anfitriãs, onde poderíamos comprar o melhor bacalhau e o polvo congelado: o estabelecimento Lisboa (ver 1ª. foto). Mas antes de nos prepararmos para a ceia do dia 24 do Natal, a noite de consoada, detivemo-nos do nosso lado direito da rua e entrámos na Biblioteca. A South Lambeth Library tem uma pequena secção de livros em língua portuguesa para adultos e crianças que foram doados por uma instituição bancária. Por isso, também não me pareceu mal lá deixar para a comunidade portuguesa Outros Contos da Montanha e a promessa de voltar, possivelmente em Janeiro, para trazer O Trigo dos Pardais e os apresentar aos leitores de lá (ver 3ª. foto).

Mais tarde, entrámos efectivamente em “Lisboa”. Lisboa antiga ou, talvez, qualquer outro estabelecimento comercial que ainda podemos encontrar (poderemos por muito tempo?) em algumas aldeias ou pequenas vilas de Portugal. A entrada fazia-se por uma porta que conduzia, de imediato, à pastelaria. No interior do estabelecimento, a porta lateral esquerda abria a montanha onde se albergava de tudo: estatuetas de santos, do Menino e da Virgem, nas prateleiras superiores, produtos tradicionais como, por exemplo, pegas, toalhas de mesa e aventais com o galo bordado ou desenhado, amontoados a um dos cantos do balcão, música portuguesa, em expositores modernos de café, e tantos outros artigos importados directamente de Portugal. Abeirámo-nos do balcão e dissemos que desejávamos bacalhau. Então, o Senhor do estabelecimento deslocou-se connosco a outro compartimento, bem lá no fundo da casa comercial. Como convinha a um Rei, o bacalhau tinha os seus próprios aposentos (ver a 2ª foto). Havia do miúdo e do graúdo. Comprámos dos dois. Vindos das bandas do fundo, havia agora que escolher o polvo. Da arca congeladora oceânica avistava-se o verde e o vermelho da bandeira nacional que, afixada numa grande extensão do tecto, concedia ao molusco uma cor mais viva e intensa. O tamanho do mapa de Portugal ao lado do mapa-mundo parecia, afinal, dizer que Portugal é imenso! E é! Prolongou-se em outros estabelecimentos comerciais daquela rua, onde ainda comprámos uma tronchuda, e, por uma mais uma boa meia hora bem medida, sentimo-nos pela primeira vez em Casa.

Estávamos em Portugal na cosmopolita Londres, por certo!


Porém, o mais importante foi saber que trouxemos o NATAL PORTUGUÊS para nossa casa!... FELIZ NATAL para todos!


Texto e Fotos de Isabel Maria F. Mateus
Legenda das fotos (de cima para baixo):
1 - A autora junto do estabelecimento comercial "Lisboa", algures em Londres.
2 - O "fiel amigo", o bacalhau, não podia faltar no "Lisboa".
3 - Fachada da South Lambeth Library, onde a autora foi oferecer os seus "Contos".
4 - A filhota Giulia sugando um "Compal" (product of Portugal, pois claro!)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Exposição "Presé-pios" patente no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo

O Artista junto da sua Obra

Foi inaugurada no passado sábado a exposição de autoria de João Pinto V. Costa, intitulada "Presé.pios". Esta mostra é composta por uma colecção de 16 peças de artesanato, utilizando vulgares pinhas de pinheiros, as quais são laboriosamente esculpidas pelo autor (por vezes com ajuda dos esquilos, uma vez que procura pinhas já roídas por estes simpáticos habitantes da floresta), no sentido de lhes dar a forma de pássaros. Estes são depois colocados nos mais diversos contextos - pombais, cabanais, ou simples ramos de árvore - mas sempre em conjunção familiar: casal + passarito (filho).
Momento da inauguração da exposição, na montra do Museu

Por isso, desiluda-se quem espere encontrar aqui as figurações da Nossa Senhora, do S. José e do Menino Jesus. A Sagrada Família aqui é substituída por "sagradas famílias" de aves, uma ideia que decerto agradaria a S. Francisco de Assis (o autor do primeiro presépio), dado o seu amor à Natureza e aos diversos seres que a compõem, e a quem se referia como sendo nossos "irmãos", já que somos todos filhos do mesmo Criador.


João Pinto Vieira Costa, explicando o seu trabalho

Segundo João Pinto V. Costa, esta foi uma maneira de homenagear a Floresta (recorrendo às pinhas e ramos de árvore) e a Natureza em geral, em que os pássaros se incluem, mas também o Património Cultural, uma vez que há referência a alguns elementos etnográficos e arqueológicos nos contextos em que os pássaros são colocados. Aí aparecem, por exemplo, os pombais trasmontanos, o dólmen de S. Martinho de Anta (alusão a Miguel Torga), um marmoiral medieval que existe na sua terra (Alpendurada), os simples cabanais. Num tempo marcado pelo consumismo, que tem o seu apogeu na época natalícia, esta foi uma forma de utilizar elementos naturais (madeira, pinhas, casca de pinheiro, pedras de xisto, etc) que há (de borla) pelos nossos campos, para produzir estas esculturas altamente decorativas. Claro que há ali muito tempo gasto, mas, como diz o nosso povo, "o tempo dá-o Deus de graça", o que, neste caso, não será bem assim, pois João Pinto V. Costa é professor, tem também a sua vida familiar e, de vez em quando, é ainda colaborador deste nosso blogue.

A exposição na montra do Museu, tal como pode ser vista durante a noite

Da parte do Museu do Ferro, foi referido que esta é uma exposição original, no que toca à sua colocação, pois a maior parte da colecção foi exposta na montra do museu (virada para o Largo do Dr. Balbino Rego), ficando assim patente 24 horas por dia. Todas as pessoas que passarem por este local serão "obrigadas" a ver a exposição. No entanto, será melhor entrarem (dentro do horário do museu), solicitarem o folheto explicativo e aproveitarem para visitarem a exposição permanente dedicada à temática do Ferro, ou ainda a exposição de Arqueologia e Património do concelho, que se encontra no Auditório.
Fica a proposta para esta quadra natalícia.

Quanto a esta exposição pode ainda ver, no Blogue "Flora de Brincadeiras":

http://florabrin.blogspot.com/2009/12/prese-pios-inauguracao-da-exposicao.html

http://florabrin.blogspot.com/2009/12/exposicao-de-prese-pios.html (neste link pode visionar uma excelente apresentação feita também pelo autor)

E do nosso correspondente do outro lado do Douro, de "tierras salmantinas", aqui fica também o registo em língua castelhana:

http://labodegadelasolana.blogspot.com/2009/12/presepios-los-otros-belenes.html

Texto e Fotos: N.Campos

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O NATAL DA MINHA TERRA - por Isabel Mateus

Neve no Roborêdo, 2008 - ao fundo desta cumeada, embora não se vendo, ficam as Quintas da Granja ou de Felgueiras; em segundo plano o cume do Citoque (foto do Engº. Afonso Calheiros) > Clicar sobre a Foto, para a Ampliar
Sem Tempo,

Muito de mansinho,

Outro Natal chega,

E o Menino (re)nasce

Na perfeita harmonia

Da minha Terra:

O luar,

Quase de Janeiro,

A fria aragem

Do vento cieiro,

A fogueira do galo

E os cânticos ao Bendito,

Na eira,

A família à volta do brasido,

Onde o melhor cavaco é consumido,

As tronchudas, as batatas, o bacalhau e o polvo

À conversa

Na panela de ferro à espera dos milhos…

Porém, é do chão térreo

Da minha casa,

na manjedoira intacta

e sem o bafejo eterno do vivo,

que a minha ausência recebe

O grito frio do salvador Menino

E a plangente alegria de Maria.

_______

P.S. Devo uma explicação. Ou melhor, um esclarecimento. O que aqui vedes são apenas os meus sentimentos atribulados de emigrante que vê aproximar a quadra natalícia a passo largo e sente o desejo irrefreável de se meter à estrada, de pôr as cavacas na fogueira, de aninhar o Menino Jesus ao colo… E mais ainda vos digo: mesmo que a decisão da partida há muito já esteja adiada, este peregrino tem sempre a mala pronta para o destino da (sua) Viagem!...

Isabel Maria Fidalgo Mateus

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