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domingo, 10 de janeiro de 2010

Nevão pinta de branco toda a região

A vaga de frio também chegou às terras de Moncorvo. Depois de dois dias/noites de tiritar, com fortes geadas, hoje, pouco depois do meio-dia principiou a nevar fortemente. Pelo meio da tarde o espectáculo era o que se vê na fotos (clicar sobre as mesmas para ampliação):


Torre de Moncorvo - vista do lado Nascente, na tarde deste dia (foto de Camané Ricardo)
Vista a partir das Aveleiras, hoje à tarde (foto de Engº Afonso Calheiros e Menezes)

Praça Francisco Meireles, com chafariz filipino (foto de N.Campos)

Praça F. Meireles, Tribunal (foto N.Campos)

Paços do concelho (foto Afonso Calheiros)

Crianças e jovens, brincando na neve no adro da igreja (foto N.Campos)

Adro da igreja e largo Dr. Balbino Rego, com edifício do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo (foto de Afonso Calheiros)

Solar de Santo António (foto de N.Campos)
E.N. 220 de T. de Moncorvo para Mogadouro, na curva da Quinta d'Água (foto de Afonso Calheiros)

Um trecho de Mós, zona da Travessa, no dia 10 de Janeiro do corrente (foto de Dr. Carlos Sambade, a quem se agradece a sua cedência). Comentário do autor da foto: "desde 1966 que não se via nevão assim [em Mós]"

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Iluminações natalícias

Ainda em tempo, aqui ficam alguns aspectos da iluminação natalícia deste ano, na nossa mui nobre villa.
Aspecto de uma "árvore de Natal" feita de luzes, no antigo Rossio da vila, actual largo General Claudino (também conhecido noutros tempos por "praça das regateiras"),
Pela rua das Flores, engalanada de luzes, a caminho da praça central - a beleza nocturna do centro histórico neste período do ano.

Chafariz filipino com edifício do Tribunal ao fundo, na praça Francisco Meireles.

Rua Constantino Rei dos Floristas, outra das vias de acesso à praça, brilhando com estrelas de luz...
Esta iluminação deverá manter-se até ao dia de Reis.
Torre de Moncorvo - uma proposta de visita, também nesta época do ano!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Hoje o dia amanheceu com neve...

Torre de Moncorvo amanheceu polvilhada de neve. A fina poalha de "açúcar" sobre os telhados e quintais da vila, um pouco mais espessa na cumeada da serra...
Entretanto o nevoeiro baixou sobre o casario esbranquiçado, recriando o reino mágico de Avalon...
As ruas húmidas, com os beirais pingando o degelo...
Enquanto em Copenhaga se discute o "Aquecimento Global", a tradição ainda é o que era na serra do Roborêdo. Caminho nevado no alto da Portela de Felgueiras, parecendo um glaciar...

Vertente da serra na zona de Lamelas.

Pelos caminhos da serra - descendo para o Calhoal.
Os blocos de hematite (minério de ferro do Roboredo), dormindo sob a coberta de neve, à espera de quem o acorde... (talvez um dia...)

A povoação do "Carvalhal City", nas faldas da serra, terra fria por excelência, aqui tiritando sob um fino véu de neblina...

Fotos de N.Campos

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ainda há machos em Moncorvo!

Ao ver, há dias, este simpático solípede retrouçando umas ervitas junto ao velho caminho de pé posto que vai do Canafichal para o S. Paulo, ao longo da Nória, não pude deixar de notar: "olha, parece que ainda há matchos em Moncorvo!" Na verdade, estes animais desempenharam um papel importantíssimo desde tempos mediévicos, como transporte e força de tracção. Antes do vapor e dos motores de explosão, durante os últimos milénios, vigorou o que se convencionou chamar a "energia a sangue". Quase extintos, hoje, é motivo de admiração (e cliché) registarmos ainda algum espécime como este, sobretudo nas imediações da vila.
Para quem não sabe, a mula e o macho (chamado gado muar) são animais híbridos de cavalo e burra, ou de burro e égua (neste caso, chamam-se éguariços), sendo estes mais fortes. De uma maneira geral os animais muares são mais fortes que os cavalos e do que os burros, razão pela qual se promovia a sua hibridização, pois não procriam entre si.
A presença de muares na região de Moncorvo está patente na toponímia desde tempos remotos, sendo disso exemplo o célebre cabeço da Mua (onde se encontra o principal jazigo de ferro, no termo do Felgar).

Texto e foto: N.Campos

terça-feira, 17 de novembro de 2009

"O silêncio das cegonhas" - exposição no Centro de Memória

Foi inaugurada no passado dia 7, no Centro de Memória de Torre de Moncorvo, a exposição fotográfica intitualada "O silêncio das cegonhas", de autoria de Carlos Inácio e Pedro Inácio, numa co-organização da Direcção Regional da Cultura do Norte/Ministério da Cultura e Câmara Municipal de Torre de Moncorvo.

Carlos Inácio (nasceu em Lisboa em 1954, residindo em Peniche) é médico de profissão e dedica-se à fotografia desde 1973. Tem participado em inúmeras exposições individuais e colectivas, com diversos trabalhos publicados em revistas e outras edições culturais, sobre motivos captados em diversas partes do mundo.

Pedro Inácio (n. em Lisboa, 1960, reside em Venda do Pinheiro, Mafra) é um profissional de Museologia, trabalhando no Museu da Àgua (EPAL), sendo vice-presidente da APOM (Associação Port. de Museologia). Iniciou a actividade fotográfica em 1985, muito por influência de seu irmão Carlos Inácio. Desde 2005 tem realizado exposições individuais e colectivas em vários museus e espaços culturais. Tem igualmente trabalhos editados, com vários prémios no seu currículo.

Esta mostra é composta por dezenas de fotografias representando cegonhas em diversos contextos (diversos ninhos em postes, em casas arruinadas, chaminés, etc., ou em pleno voo), em diversas regiões portuguesas, sobretudo no Alentejo.

Registem-se, a propósito, estas palavras de Luís-Cláudio Ribeiro, no folheto de apresentação: "De então regresso ao Sul de agora. Regresso a essa dimensão silenciosa das aves branquejadas, cegonhas portanto (sei que dá doutras cores mas são estas que ecoam na minha planície). E vendo-as, sem piar ou grito aflito, imagino o que não sendo hominídeo para ele caminha, animal sem faringe, protótipo de homem que apenas com o ressoar dos lábios apascentava o medo e chamava pelos seus. É ainda assim a cegonha no seu piar de bico, pois lhe falta o órgão para o som vocal. //É bom que vejamos no restolho, nas chaminés abandonadas e nos postes da civilização, pois embora tímidas carregam a nossa imortalidade".

Esta abordagem parece constituir ainda um apelo ecológico em redor destas simpáticas aves, das quais só as de plumagem negra se podem encontrar no nosso concelho, lá para os barrancos do Sabor. A cegonha branca em Trás-os-Montes parece preferir a zona de Bragança e Miranda do Douro, não se vendo pelos nossos lados.

Ainda pode visitar esta Exposição, até ao dia 27 de Novembro.

sábado, 19 de setembro de 2009

O coração da vila- II

Este “post” vem no seguimento de dois comentários feitos ao “post” anterior, sobre a praça Francisco António Meireles, pelo que aqui tentaremos fazer um breve historial e algumas reflexões sobre este espaço da vila.

Fotografia da Praça Central de Torre de Moncorvo nos anos 80 do séc. XIX (foto de aut. desconhecido, impressa em postal comemorativo edit. pela Assoc. Cultural de T. de Moncorvo, nos anos 80 do séc. XX)

Como é de esperar em áreas habitadas, os espaços evoluem, transformam-se (mais, ou menos) e conhecem dinâmicas diferentes consoante os tempos. Assim, podemos considerar que a antiga praça central de Moncorvo (que foi depois Praça da República e finalmente Praça F. Meireles) teve três grandes momentos, quer em termos urbanísticos, quer de função. O primeiro, da Idade Média até ao final do séc. XIX, foi basicamente um terreiro diante do castelo, onde temporariamente se fazia a feira e em que, em dado momento, se colocou um chafariz (séc. XVII) e uma espécie de larga passadeira de granito (em momento indeterminado). Inclusive era espaço de tourada, em momentos festivos, à maneira do que ainda acontece em algumas povoações espanholas. No final do séc. XIX, de acordo com a política dos melhoramentos, foi removido o chafariz, por se encontrar algo excêntrico em relação ao conjunto do largo, e apostou-se num empedrado de contorno oval, com desenho geométrico, raiado e com uns anéis concêntricos, construído com seixos (quartzo) e pedra ferrenha (hematite). Foi autor deste projecto o Engº José Ferro de Madureira Beça, nos anos 80 do séc. XIX. Era clara a intenção de se definir uma área de circulação, tipo placa giratória, distribuindo o trânsito (ao tempo de diligências, carroças, carros de bois, e animais de transporte) preservando o centro para o passeio recreativo da burguesia "fin de siècle", na continuidade de uma tradição decerto há muito arreigada.
Praça Francisco Meireles nos anos 30, em pleno Estado Novo (arquivo particular, cedida ao PARM)
Manteve-se ainda e por muito tempo, a utilização da função-feira, além de se reforçar a sua componente comercial, com a implantação de importantes casas comerciais em redor. Com o aparecimento do trânsito automóvel foi ligeiramente reduzida a placa central, a fim de se dar mais espaço à área de circulação dos novos transportes. Isto deve ter ocorrido já nos anos 30 do séc. XX, não alterando sobremaneira o fácies da praça e suas funções.
Com a sobrecarga do trânsito automóvel ao longo do séc. XX e sobretudo a partir da 2ª metade dos anos 70, num tempo em que ainda não havia o troço do IP-2 de Pocinho à ponte do Sabor, nem as variantes urbanas, todo o trânsito era "despejado" na praça, a partir de ruelas estreitas como a Rua das Flores (de que ainda me lembro ser de dois sentidos!), para aqui convergindo os autocarros, ao início e ao fim do dia, quando vinham trazer e buscar os estudantes para as aldeias e até vilas das redondezas. Quem tivesse estudado em Moncorvo pelos finais dos anos 70 e inícios de 80 (antes da estação de camionagem na variante), lembrar-se-á bem do ritual de ir ver partir as carreiras, ao fim do dia, sobretudo para verem ou despedirem-se das moças das aldeias.
Praça em dia de feira, nos anos 60? (foto enviada por Drª. Júlia Biló)
O que aconteceu entretanto? - 3º. momento: construção das variantes urbanas, sobretudo a avenida João Paulo II, onde está a estação de camionagem, e a variante do Prado; o troço do IP-2, que fez desviar de Moncorvo o trânsito que vinha do Sul do Douro (Lisboa, Coimbra, Foz-Côa) com destino a Bragança e que outrora era obrigado a subir, pela estrada do Pocinho, e passar por Moncorvo com destino a Bragança, passando obrigatoriamente pela praça; mais recentemente, desenvolveu-se a zona do largo da Corredoura e, já nos finais dos anos 90, arranjou-se o largo General Claudino, embora este tardasse a conhecer alguma animação, que só agora se verifica, sobretudo no Verão, em período de festas. Este facto talvez tenha tirado algum protagonismo à praça Francisco Meireles, mas a verdade é que esta nunca foi propriamente um lugar de estar, afora uma esplanada de um café que lá continua, na zona dos táxis. A praça F. Meireles foi sempre, ao longo da sua história, um ponto de convergência de pessoas que vinham tratar de assuntos à vila, ou simplesmente comprar/vender mercadorias, sobretudo em dias de feira. Era inevitável que daqui se retirasse a feira, embora concorde com a ideia de se poder organizar aqui, em certas ocasiões (ou em dias de feira de ano), algum tipo de certame, talvez de produtos regionais (embora para este efeito me pareça mais acolhedora a praça da igreja - a General Claudino). Era também inevitável que se retirasse daqui o trânsito pesado. Não me parece mal que se tivessem criado outras centralidades, como a Corredoura e a praça da igreja, ou a zona do Jardim Horácio de Sousa. Neste quadro, e até para compensar a relativa "desertificação" da praça F. Meireles, creio que a recolocação de um elemento monumental (que já lá havia estado) como é o caso do chafariz filipino (utilizando peças originais e outras reconstituídas), foi uma boa ideia. Para quem se aproxime da praça F.Meireles por qualquer das vias que lhe dão acesso (note-se que é uma praça quási rádioconcêntrica) aquele elemento arquitectónico faz-se notar, atraindo a atenção e o olhar e, como tal, reforçando no subconsciente de quem nos visita, a ideia de uma vila com bastante património.
Praça Francisco Meireles, nos inícios dos anos 80 (foto de N.Campos)
Conciliar este elemento com a oval do séc. XIX também me parece bem, pois a praça ainda não perdeu de todo (nem deve perder) essa função de redistribuir algum trânsito automóvel (já aliviado da pressão de outrora), para as necessidades do dia-a-dia. Pior seria querer transformar-se esta praça numa vasta zona de peões e de esplanadas (a ideia chegou a constar de um certo plano de salvaguarda do Centro Histórico), que naturalmente redundaria em catástrofe, até pela razão que E.L. apontou: aparecimento de outras centralidades e "falta de gente". Quanto a este aspecto, alguns responderão que é uma falsa questão, pois a vila nunca teve tanta população na sua história como agora! (à custa do despovoamento das aldeias, mas isto é outra estória). No entanto há que ter em conta que houve uma certa alteração ao nível dos costumes. Quem e quantos ainda cumprem aquele ritual de passear na praça (de palito no canto da boca e trocas automáticas de lugares no extremo de cada giro, sem nunca se virar as contas aos parceiros - a tal "arte de bem passear na praça")? Pois...
Torre de Moncorvo sempre foi uma vila de serviços, com muitos funcionários públicos, magistrados e bastante comércio. Hoje, com as políticas de redução do funcionalismo, mas sobretudo, com a alteração dos hábitos sociais (como esse do passeio depois de almoço, a "fazer horas" para entrar ao serviço, ou depois de jantar), é natural que o centro da praça se tenha despovoado, sem que disso o chafariz tenha culpa. A decadência desse hábito já vinha de trás, talvez com a entrada nos anos 90, e, mesmo que se quisesse manter, ainda sobrava espaço dos lados do dito chafariz. Os bancos da mesma praça, em certas horas, ainda se conservam povoados de reformados e se não o estão mais, tal se deve aos novos bancos que se colocaram do lado do tribunal onde as árvores são mais frondosas, no verão, e para onde os idosos se foram transferindo preferencialmente. E aqui se conserva outra das funções tradicionais da praça, a má-língua, naturalmente.
Exposição sobre Ambiente, patente no meio da praça, em Junho de 2008
Outra função essencial desta praça, de desde sempre, continua a ser mantida: a de atravessadouro e cruzamento dos caminhos do dia-a-dia, seja para se ir tratar de assuntos à Câmara, ou ao Tribunal, ou meter o correio (pois, com o correio electrónico já se sobem menos as escadas do castelo), ou para se ir a alguns comércios - este, infelizmente, é outro dos factores do esmorecimento da praça, pois as grandes casas comerciais de outrora foram decaindo.
Concordo que se devem pensar iniciativas de animação da praça (para além dos conjuntos musicais nas festas do verão ou da Flor da Amendoeira). É uma questão de imaginação e boa vontade. E para não me alongar mais, termino com um repto: que ideias para animar a praça Francisco Meireles? Por motivos óbvios, penso que é uma boa altura para que os cidadãos apresentem ideias e sejam construtivos e participativos.
Nota final: só para terminar e a propósito, era na Àgora (praça) que os Atenienses do séc. V a.C. (inventores da Democracia) discutiam as suas ideias sobre o que era melhor para a Cidade. "Cidade" que, em grego, se dizia "Polis". Daqui surgiu a palavra "política", para designar a arte de bem governar a Polis (Cidade), ouvindo-se a opinião de todos os cidadãos. Que este espaço (blogue) seja também uma extensão da Àgora moncorvense, a praça Francisco Meireles, são os nossos votos.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Capela da Senhora da Teixeira (Frescos)

Aqui fica um olhar fotográfico que nos foi enviado por Leonel Brito (autor das fotografias e da apresentação) sobre as pinturas a fresco do ermitério de N. Sª. da Teixeira, próximo de Sequeiros (freguesia de Açoreira).

domingo, 24 de maio de 2009

Chafariz Filipino

Em 1549, o cronista João de Barros noticiava que a vila de Moncorvo possuía "hu Chafariz de mais de quarenta palmos (...) no meio da Praça". Naturalmente que não poderia ser o actual chafariz, que tem gravada a data de 1636.
Nem sempre foi fácil conseguir trazer a preciosa água da serra até à vila. Houve problemas com a comunidade franciscana do Convento de São Francisco que reclamava a posse das nascentes da serra.
Em 1628 a Câmara de Moncorvo arrematou a obra do chafariz ao arquitecto António Fernandes, que levaria cerca de dez anos a ser terminada. Em 1887 o chafariz da praça seria destruído por ordem do então presidente da Câmara, António Pontes e as diversas partes andaram aos tombos por vários locais da vila (daria um bom conto).
Há alguns anos a Câmara de Torre de Moncorvo realizou um projecto público com vista a reconstruir o chafariz, aproveitando os elementos originais que estavam na sua posse, sendo o conjunto reposto na Praça Francisco Meireles.
O chafariz insere-se num tanque de formato quadrangular, assentando sobre uma base quadrada. No primeiro registo forma um depósito bolboso decorados com uma carranca, da qual jorra a água. Sobre este foi edificado um pináculo, que remata a estrutura. Na base do conjunto foi gravada a inscrição "FEITO NO ANO DO SENHOR DE 1636 POR ORDEM DE DOUTOR JULIÃO DE FIGUEIREDO, PROVEDOR E CONTADOR NESTA COMARCA, À CUSTA DO POVO".
Este chafariz está classificado como Imóvel de Interesse Público.

Fonte do texto: IPPAR

terça-feira, 19 de maio de 2009

Fazer transpirar a alma por exercitar o pensamento


Ninguém pode ignorar as imensas faculdades que nos foram concedidas,
ninguém pode negar quão bom é podermos dar-nos conta que temos o poder de meditar, decidir e consequentemente agir.
Infelizmente hoje são poucos, mesmo muito poucos, aqueles que têm a sabedoria e riqueza de espirito para avançar no universo do pensamento.
Pensar, parece algo tão simples, tão rotineiro, tão comum, todos o fazemos é verdade. Não é este "pensar" de que falo ou escrevo, mas sim do que de mais profundo nos vai na alma.
Quantas vezes vamos ao fundo dos nossos sentimentos, porquês, acções, decisões, palavras?
Porquê deixar de identificar aquilo que somos, aquilo em que acreditamos, o que nos move e deixa felizes?
Porquê fazer questões se não tiramos tempo para encontrar respostas?
Sim, tudo precisa de tempo e consciência e nada se adquire sem esforço e sem paixão.
Por isso amigo, não se esqueça: faça transpirar a alma por exercitar o pensamento e verá que vale a pena navegar em nossa própria direcção.

Enviado por: Séfora R.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Medo(s)


Vivi numa casa, com outros Colegas Estudantes,
Onde teve que se esconder alguém que,
Apenas por querer ser livre
Num país amordaçado pelo regime,
Estava a ser perseguido pela polícia política.

É verdade que havia
Prisões políticas, tortura e mortes.
Era assim que a morte saía à rua.
Como o sabias tu, Zeca Afonso!

Sem medo,
Muitos estudantes e professores ousaram lutar
E, naturalmente, vencer.
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer...

Passados trinta e tal anos,
Vivo numa sociedade formalmente livre,
Mas terrivelmente amordaçada
Por cada um de nós, dentro de nós.
Sociedade amordaçada por todos nós,
Mesmo por quem antes,
Na convicção do vencer,
Ousou lutar e, naturalmente, vencer.

Pobre de ti, Universidade,
E pobre de ti, País,
Que vives, que nos fazes viver,
Neste mundo diluído,
Difuso,
Politicamente correcto,
Que te convém, que nos convém,
Onde tudo é nada, onde nada é tudo.

Onde estão, Universidade,
Os Princípios e os Valores que te geraram,
Que tu geraste,
Que são a semente, a flor, o fruto
E, de novo, a semente?
Já reparaste, Universidade,
Que os Princípios são o que está
Necessariamente no princípio?
Cito de cor S. João Evangelista:
"No início era o Verbo.".
E já reparaste que os Valores
São o que perenemente vale,
Mantendo-se,
Sem princípio nem fim,
Fazendo do homem o Homem?
E já reparaste também que as coisas
Verdadeiramente sábias, fortes e belas
São sempre simples?

Lembras-te,
Por exemplo tu, Albert,
Da tua incrivelmente simples
Fórmula da energia e da massa?
Não, Albert,
Não me refiro à "massa" de hoje,
Que essa não cria energia,
Apenas dependência, dependências...
Que, por inércia, nos matam.

Te matam, Universidade,
No teu próprio princípio,
Criando ao mesmo tempo
Pequenos saberes e grandes ignorâncias.
E uma grande riqueza e uma imensa fome...

Estás, estamos, no meio da ponte.
Aquando de Bolonha,
Fugiste para a frente.
Agora parece que te queixas...

Que agora não fujas para trás,
Renegando no teu próprio Ser
Os Princípios e os Valores,
Amordaçando-nos dentro de nós.

Sê tu
E sê livre!

Seremos livres
E seremos Universidade!


J. Rodrigues Dias
2008-02-15

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Descobrir


Mestre,
Ideias novas não surgem,
Apesar de tanto pensar!

Apesar de tanto pensar,
Ideias não emergem,
Mestre!

Olho de um e de outro lado,
Como me tens tanto ensinado,
Olho o caminho já caminhado,
E nada, nada de novo vislumbrado!

Que problema, mestre!

Estou cansado, olhos sem ver, enraivecido,
Quase tudo me parecendo ter esquecido;
Mas lembro-me de ti a dizer
Que solução há-de haver!

Dizes-me que talvez este ainda não seja
O tempo para o meu fruto colher,
Por tempo ainda o fruto não ter
Para, naturalmente, amadurecer.
Dizes-me ainda que tranquilo esteja
E a reflexão ao sol deixe a aquecer.

Olhos semi-cerrados,
Abertos e fechados,
Vendo sem ter de ver,
Por profundo saber,
Em sábio gesto de mundo abarcar
Dizes-me ainda para descansar e olhar!


Olha!

Olha a borboleta lá fora,
A chamar-te,
A voar na primavera,
Voando de flor em flor,
Em hino ao amor.

Olha,
Faz isso, vai com ela,
Procura a luz,
Olha o céu,
Voa, voa, voa,...
E volta,
Tranquilo!

Volta então à tua reflexão.
Fixa bem os pressupostos,
Define bem os objectivos
E parte, decidido, a caminhar,
À procura da certa solução
Que decerto vais encontrar.

Minimiza o duro caminho,
Que é duro o caminho
E, quantas vezes, difuso,
Em nevoeiro escondido.

Chora quando tiveres que chorar!

Vê os desvios do caminho,
Assinala-os com raminhos de acácia
Mas não te desvies do traçado primordial.

Talvez a eles possas voltar mais tarde,
Quem sabe se para muita sede
Poderes então saciar em inesperadas fontes
Que neles poderás então encontrar,
Para novas lágrimas poderes chorar!

Mas não te deixes agora inebriar.
Olha os pressupostos e os objectivos;
Olha apenas o caminho principal,
O caminho principal!

Ao caminhar,
Faz como o vedor,
Mesmo que nele não acredites;
Sente os sinais,
Mesmo que sinais
Não te pareça encontrar.

Há sempre sinais!

Vai caminhando,
Pára de vez em quando,
Refresca a mente,
De lágrimas eventualmente,
E sente!

Há sempre sinais!

Sente o pulsar do coração
E o pular do pensamento!

Caminha e sente,
Que há sempre sinais!

Há sempre sinais!

....

Sim, mestre,
Estou a sentir,
A ver afloramentos,
A fazer acontecimentos,
A descobrir!

Obrigado,
Mestre!

2009-02-20
J. Rodrigues Dias

1.ª Fotografia - Pormenor lateral da Igreja Matriz de Torre de Moncorvo.
2.ª Fotografia- Pormenor numa Capela de Felgueiras.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Linha do Sabor - 7


"A 1ª Máquina que chega a Duas Igrejas 22-05-1938.
Momento único para a família Ferraz, pois a máquina era conduzida por os irmãos (maquinista e fogueiro) com o Inspector da CP ao meio.!! "
Rui Carvalho, Carviçais.

Fotografias actuais da estação de Carviçais, na Linha do Sabor.

domingo, 5 de abril de 2009

Alminhas - Urros

As alminhas têm alguns ponto de contacto com as festividades que vivemos estes dias, a Páscoa. Páscoa também significa passagem, reunião do corpo com o espírito, êxodo ou passagem da morte para a vida. As alminhas representam também um lugar de passagem, o purgatório. Este culto tem raízes há vários séculos atrás e foi tão forte que ainda hoje encontramos em todas as aldeias pelo menos umas alminhas. Também estas representações estão normalmente em locais de passagem, encruzilhadas dos caminhos, ou então à entrada das localidades. Muitas lançam um aviso: "Vós que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando".
Estas alminhas estão num muro, em Urros, a caminho do Santo Apolinário.

Quem estiver interessado neste tema das Alminhas, pode ler um texto que escrevi no Blogue - À Descoberta de Vila Flor.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Peredo: segundo olhar

Agora que consegui "desviar os olhares" para Peredo dos Castelhanos, mostro outra característica da aldeia (não difere muito de outras do concelho): as casas são muito humildes, feitas de xisto. Nalgumas pedras encontramos sinais enigmáticos, marcas de gerações. Na porta lateral da igreja há uma mensagem escrita já bastante deteriorada. Alguém a decifrou? Porque está ali?

terça-feira, 24 de março de 2009

Olhares (Peredo dos Castelhanos)

Num momento em todos parecem tão inspirados (será da Primavera?) apeteceu-me tentar "trocadilhos" com esta fotografia tirada em Peredo dos Castelhanos. É que também há poesia no olhar, de quem fotografa, e de quem vê.

Trata-se do Alberto Mandelo, ex-emigrante, com casa logo ao cimo da aldeia, com pequena piscina e grandes horizontes vistos do seu quintal, de regresso a casa em hora crepuscular, a hora do Peredo, um inexorável entardecer da gente.
Tudo é difuso, até as duas presenças ao longe, como que desfocadas na névoa do tempo em que vai mergulhando o Peredo.
Conheci-o de novo, ao Alberto Mandelo, um mouro de trabalho numa servidão quotidiana de que se libertou, como tantos outros, rumando em direcção à França.
Mas nesta serenidade de tempo morto em que só a camisola é cor e os alforjes claridade, observe-se a coexistência da besta com o tractor, o xisto com o poste de electricidade, a janela de persianas brancas, o automóvel e a beleza crua da árvore despida à espera da Primavera (a única que se renova naquela geografia temporal).
É todo o universo da aldeia numa fotografia a que só falta o cão. O rosto olha mais para dentro do que para a parede escura. Como se não tivesse outro horizonte além dele mesmo.
Só o humano tem vida e cor nesta usura do tempo. Um tempo parado. Um tempo à espera que o tempo acabe.
É um olhar melancólico sobre a minha aldeia. Um olhar de que comungo.
Rogério Rodrigues

domingo, 22 de março de 2009

TRANSMONTANYA

DIA DA POESIA

Ontem, dia 21 de Março, foi também dia da POESIA. Parabéns a todos os nossos poetas blogueiros (Nelson, Angel, Júlia, Rogério, Daniel, Wanda, …) e não só (Maria da Assunção Carqueja, …).
De parabéns estamos igualmente todos pelo que estes nos oferecem e ofereceram outros no passado, nossos conterrâneos (Campos Monteiro, Afonso Praça, …).



TRASMONTANYA
Cumpro um ritual, uma litania.
Embrenho-me por montes, matagais,
Atravesso os vales e os ribeiros,
Percorro velhos caminhos e carreiros,
Por eles vou carpindo estes meus ais,
Trasmontânia, Pátria minha, Trasmontânia...


Terra de fadas, demónios, duendes,
Bosques de carvalhos imersos em brumas,
Musgos e líquenes donde pende o sinceno,
Como me acolhes quando o sol ameno
Transforma a neve em suaves espumas
E devolve a vida aos corações doentes...


Aquém dos últimos montes da Lusitânia
Estendem-se as serras do meu país.
Terras que a garra alheia não alcança,
São os cabeços onde espeto a minha lança,
Reino da corça, do javali, da perdiz,
Oh Transmontânia minha, Transmontânia...



H.C.
Torre de Monc., 6.03.2003






sábado, 21 de março de 2009

Versos amendrucais



Tenho as veias nas fragas
e os olhos no Reboredo,
à cotovia dou asas
e ao homem este segredo:
Depois do estoirar das cigarras
e do cortar da geada,
ofereço meu leque de vida
e em troca não quero nada.

terça-feira, 17 de março de 2009

Mons-Curvus


Na província de Traz os Montes, entre os rios Douro e Sabor, ergue-se em successivos e irregulares degraus a notavel serra do Roboredo. Querem alguns escriptores que os romanos, no tempo da sua dominação, a designassem pelo nome de Mons-curvus, por ser apparente a curvatura do seu dorso. Foi sobre este que elles fizeram passar a via militar que de Merida conduzia a Astorga, e cujos restos ainda se encontram na parte mais elevada d’aquelle monte. Outros porém affirmam que elles a appellidaram Roboretum, por causa da prodigiosa espessura da floresta de carvalhos que n’aquellas eras revestia as encostas da serra. Parece dar-nos ainda hoje testemunho d'esse facto a nativa pertinácia que tão robusta essência florestal oppõe á ferocidade destruidora com que a atormentam os incorregiveis e brutaes lenhadores, e a indesculpável incuria da administração municipal. Entre alguns vestígios de construcções romanas, que se encontram não muito longe d´aquella serra, vê-se n'uma das pedras de granito, com que foi construída uma antiga capella, próximo das ruinas da Villa Rica de Santa Cruz entre o rio Sabor e a ribeira da Villariça uma inscripção sepulchral com o nome de Lelia Roborina. Derivaria o nome d'esta dama romana d'aquelle com que era designada a serra? Seja como for, o nome da serra do Roboredo deve ser contemporâneo da dominação romana.
Das margens do Douro e do Sabor sobe-se por Íngremes e elevadas encostas até attingir a base do Roboredo, onde está assente em um outeiro de amplo desenvolvimento e olhando para o noroeste a antiga villa da Torre de Moncorvo. Villa notavel entre outras da mesma provincia pelas suas condições topographicas, pelas suas riquezas naturaes e pela sua patriotica historia. Cercam-a por toda a parte pomares, hortas, vinhas e principalmente olivedos, os quaes se abrigam de preferencia nos estreitos valles, formados pelas pregas da montanha entre os outeiros que gradualmente vão descendo, de uma parte para o Douro, da outra para o Sabor e para a extensa e fertil veiga da Villariça. Esta veiga, a pertença territorial mais valiosa de Moncorvo, estende-se dilatada para o norte, desde a foz do Sabor até ás abas da serra de S. Bade, que de Moncorvo se vê esbatida de azul pela distancia a que se acha. Fecham a planicie pelo noroeste e oeste as alturas de Villa Flor e as asperrimas serranias graniticas de Cabeço de Mouro, de Cabeça Boa e da Louza, que, fragosas, áridas e severas, nos limitam por aquelles lados o horisonte.
Entre a agglomeração pouco regular das casas que formam a villa de Moncorvo, quando de qualquer lado se divisa, o que sobresáe e captiva a attenção é a escura massa de granito, de que é formada a sua notavel igreja matriz. A extraordinária corpulencia d’este edificio domina e amesquinha todas as casas que a cercam. É quasi uma monstruosidade de pedra; mas o seu aspecto severo infunde respeito. A sua architectura só póde ser classificada como pertencendo ao estylo hybrido que precedeu a renascença. Segundo alguns escriptores a construcção d'esta igreja data do meiado do XIV seculo. Ha menos de cincoenta annos existiam ainda no centro da villa as ruínas de um castello, cuja edificação se aittribuia a D. Diniz, mas que fôra acrescentado ou restaurado no reinado de D. Manuel. Esse castello, cujas espessas e grossas muralhas com suas torres de granito viamos ainda na nossa juventude, já não existe: foi arrazado, e sobre os seus fundamentos encontram-se hoje os modestos edifícios que abrigam as repartições municipaes e administrativas e uma escola primaria, tendo na frente um acanhado passeio arborisado e sobranceiro á praça publica. Gosa-se d'este passeio a vistosa perspectiva da serra do Robordo em toda a sua extensão. Lá na encosta vemos o antigo convento de S. Francisco e o seu templo convertido em fabrica de sabão; mais acima as capellas de S. Bento e de S. Lourenco, alvejando no cume dos outeiros destacados da montanha; ali a ermida de Santa Thereza, entre arvores frondosas, e algumas casas brancas entre a verdura de soutos e pinhaes.
N’essas poucas matas e devezas se está vendo o vigor da vegetação com que, se houvera mais acerto e previdencia na administração municipal, se podia ter creado e mantido uma frondosa floresta para deleitar a vista, enriquecer a terra e melhorar o clima.
Foi n'outros tempos grande a importância que a villa de Moncorvo teve na organisação judicial e administrativa do paiz, sendo a cabeça da mais extensa comarca do reino. Nas antigas cortes tinha assento no decimo terceiro banco. Era rica e aristocratica; eram numerosas as famílias nobres que a habitavam; gloriosas e patrioticas as tradições com que se honrava e a que lhe davam direito os feitos e proezas dos seus moradores desde os mais remotos tempos da monarchia, e principalmente na acclamação de D. Joio I e na restauração do reino em 1640, e que mais tarde se haviam de renovar no principio d'este seculo, para cooperar heroicamente na libertação da patria contra o dominio francez.

Texto de: Júlio Máximo O. Pimentel
Foto de: Lelo Brito
Transcrição do texto: Contchi

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