
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Ainda as festas de Verão

terça-feira, 28 de julho de 2009
A Aldeia
sexta-feira, 10 de abril de 2009
"Encomendação das Almas", um filme de Leonel Brito, 30 anos depois
Depois do grande sucesso que foi a apresentação, ontem, no auditório municipal de Freixo de Espada à Cinta, do filme sobre a Encomendação das Almas, teremos hoje, no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, o visionamento do mesmo documentário, pelas 21;30 horas.
Será previamente feita uma introdução a este documentário, pelo próprio autor, o realizador Leonel Brito, e um dos autores dos textos de fundo, Rogério Rodrigues (ambos colaboradores do nosso blogue). O argumento teve também como co-autor o saudoso jornalista Afonso Praça, igualmente nosso conterrâneo, e contou com a colaboração especial, a nível da explicação etnográfica, do Padre Joaquim M. Rebelo, que, como Afonso Praça, infelizmente já não está entre nós.
Este filme é um verdadeiro documento etnográfico e antropológico, rodado há exactamente 30 anos, na vila de Freixo de Espada à Cinta (com o cortejo dos Sete Passos), e em algumas aldeias dos concelhos de Freixo e de Torre de Moncorvo (neste caso, Felgar e Urros). Além dos cânticos das Almas, que se realizavam pela Quaresma, vêm-se outros aspectos da vida rural desse tempo (1979), num momento charneira da nossa história recente, em que, a par de algumas transformações decorrentes da emigração, se vêm ainda aspectos da nossa ancestralidade.
Este é um documento notável que o autor, Leonel Brito, depois de o resgatar aos arquivos da RTP (entidade para quem foi produzido o filme), e de o passar para DVD, ofereceu aos arquivos do Museu do Ferro, da Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo, e à Câmara Municipal de Freixo. Impõe-se, agora, a sua edição, repto que deixamos às entidades competentes. Resta-nos enaltecer a generosidade e o empenho do realizador Leonel Brito, nosso conterrâneo e colega de blogue. Obrigado Leonel!
Então aqui fica o convite para logo à noite, às 21;30 horas, no auditório do Museu do Ferro!
Compareçam!
domingo, 5 de abril de 2009
Alminhas - Urros
As alminhas têm alguns ponto de contacto com as festividades que vivemos estes dias, a Páscoa. Páscoa também significa passagem, reunião do corpo com o espírito, êxodo ou passagem da morte para a vida. As alminhas representam também um lugar de passagem, o purgatório. Este culto tem raízes há vários séculos atrás e foi tão forte que ainda hoje encontramos em todas as aldeias pelo menos umas alminhas. Também estas representações estão normalmente em locais de passagem, encruzilhadas dos caminhos, ou então à entrada das localidades. Muitas lançam um aviso: "Vós que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando".
Estas alminhas estão num muro, em Urros, a caminho do Santo Apolinário.
Quem estiver interessado neste tema das Alminhas, pode ler um texto que escrevi no Blogue - À Descoberta de Vila Flor.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Cruzeiro de Nossa Senhora da Piedade
O Cruzeiro de Nossa Senhora da Piedade, em Urros, Classificado Imóvel de Interesse Público. Está situado entre a aglomerado populacional e a Capela de Santo Apolinário.
domingo, 1 de março de 2009
À Descoberta das amendoeiras em Flor
O tema das Amendoeiras em Flor é transversal a uma série de concelhos. Guardo com carinho a 1.ª edição do Guia Turístico “Rota da Amendoeira” editado em 2001, referente a Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vila Nova de Foz Côa. Conhecedor mais ou menos profundo destes concelhos, não necessito de um Guia Turístico, mas mostra a vontade que estes concelhos têm em venderem uma imagem, a Amendoeira em Flor. Vivi em Torre de Moncorvo nos anos áureos das excursões. Eram dezenas, senão centenas de autocarros que se amontoavam na Corredoura (antes do arranjo urbanístico).
Este ano decidi “criar” um Rota da Amendoeira em Flor, para um passeio de família. Visitar locais onde não passávamos há mais de 10 anos, outros onde nunca tínhamos ido, apreciar a paisagem, o artesanato, a gastronomia, mas, sobretudo, ir ao encontro da beleza das amendoeiras em flor, foi o objectivo. Decidi publicar o percurso porque pode dar ideias a outras pessoas que querem beneficiar do privilégio de passar um dia de puro prazer nas pequenas estradas de Trás-os-Montes.Saímos de Vila Flor ao início da manhã. O dia não estava nada daquilo que eu desejaria (para a fotografia) com o céu repleto de nuvens. Uma atmosfera muito, muito cinzenta, mas com uma temperatura muito agradável.
As amendoeiras em flor apareceram logo dentro da vila. Ao longo da estrada que conduz a Sampaio (N608) há algumas flores que já perderam as pétalas, mas o espectáculo ainda é digno de se ver. Ao longo da N102 (E802) entre Sampaio e a barragem do Pocinho, encontram-se vários locais com muitas amendoeiras em flor. Um bom exemplo são as encostas na Quinta da Portela, mas há amendoeiras por todo o lado.De junto das comportas da barragem do Pocinho, na margem direita, parte uma estreita estrada que faz a ligação às aldeias de Urros e Peredos dos Castelhanos. Conheci essa estrada há quase duas décadas, quando ainda nem sequer estava asfaltada! Desde essa altura, pouco mudou. Durante algum tempo as curvas acompanham o rio, serpenteando nas entranhas da terra. A foz da Ribeira do Arroio veio separar-nos definitivamente do rio. Depois de a atravessarmos, numa estreita ponte (que assustadora era!), começámos a subir até perto dos 600 metros de altitude. Nesta zona há muitas amendoeiras em flor, mas a maior parte dos delas estão abandonadas. É uma das estradas panorâmicas mais bonitas que conheço no concelho de Torre de Moncorvo. Encontrámos no seu final a N603. Pode ser uma boa oportunidade para virar à direita e fazer uma rápida visita a Peredo dos Castelhanos. À esquerda é a direcção de Urros. Foi nesta zona que encontrei as mais bonitas amendoeiras em flor! Quase todas as flores são de um rosa acentuado, dão uma tonalidade forte e uniforme ao amendoal.
Para saborear toda a paz que nos invade, depois de algumas horas por locais tão pouco frequentados, alguns minutos junto à igreja de S. Apolinário dão também alguma mística ao passeio. Nesta espécie de santuário a algumas centenas de metros do povoado, fomos encontrar uma fonte. A água desta fonte era apontada como sendo milagrosa (1726), mas, actualmente, apenas é vista como digestiva. Foi o próprio S. Apolinário que fez brotar a água da rocha, para saciar a sede com que vinha, depois de atravessar o Douro. Muito havia para ver em Urros, mas partimos em direcção à Barragem das Olgas, ainda em construção, local onde se confrontam o concelho de Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta. Deixámos a N630 e seguimos à direita para Ligares. Atravessámos a aldeia pela Rua do Cimo do Povo, contornámos a igreja e seguimos para o Largo de S. Cruz.
Retomámos a estrada N325 que desce a encosta até à Ribeira do Mosteiro. Neste trajecto ainda há muitas amendoeiras que não floriram, o que significa que este percurso se vai manter bonito por mais alguns dias. Mais uma vez se vislumbram largas encostas onde a amendoeira já foi rainha. O abandono é a nota predominante, mas, onde as amendoeiras estão cuidadas, as flores são mais fartas e mais coloridas.
Depois das Quintas da Ribeira e de S. Tiago, a estrada divide-se: em frente desce-se pela N325 até Barca de Alva; à esquerda sobe-se pela N325-1 até Freixo de Espada à Cinta. O meu desejo era seguir em frente, pois adoro percorrer esta estrada onde nos sentimos muito pequenos face à agressividade das massas rochosas que nos rodeiam. Da foz da Ribeira do Mosteiro até Freixo, é bem possível que ainda haja muitas amendoeiras em flor (ao longo da N221).
A opção foi virar à esquerda em direcção a Freixo. O “relógio” solar (e não só), já nos indicava que estava na hora de almoço.
Nesta zona também há muitas amendoeiras em flor. Até uma pequena raposa se passeava entre elas, indiferente aos potenciais flashes dos turistas.Em Freixo, estacionámos o carro junto da Câmara Municipal. O recinto da feira era um pouco distante, mas havia um autocarro a transportar gratuitamente os que o desejassem. Estávamos dispostos a almoçar na feira (Feira Transfronteiriça/Feira dos Gostos e Saberes), até porque se tratava de uma feira de sabores. Procurámos o pavilhão de restauração, onde havia poucos lugares vazios. O primeiro contacto foi decepcionante e a refeição tornou-se um fiasco.
Procurávamos comer alguma coisa regional, mas as opções eram poucas: leitão e picanha. O vinho tinha que ser obrigatoriamente do Alentejo! O leitão não se conseguia comer, estava cru; as batatas fritas eram de pacote e o pão só chegou depois de muita insistência. “Matei” a fome com alguns feijões pretos gentilmente cedidos e partilhados com a mesa ao lado. Manifestei o meu descontentamento e pedi uma factura (que obviamente não me foi passada). A organização da feira devia estar atenta ao péssimo serviço que esta empresa (La Brasa) estava ali a prestar. Além de que deviam apostar em servir os produtos regionais tais como as azeitonas, o fumeiro e o vinho. Esta lacuna também se nota na feita TerraFlor, em Vila Flor.Não ficámos muito bem dispostos e demorámos pouco na feira. Apesar de tudo, é interessante a aposta no lado de lá da fronteira (ou eles no lado de cá?). O espaço envolvente está muito bem estruturado e o pavilhão da feira mostra coisas interessantes. Afinal ali estavam os verdadeiros sabores, só que já era demasiado tarde!
A viagem continuou em direcção a norte (pela N221); o objectivo era visitar Mazouco. Neste troço quase não existem amendoeiras, a não ser à saída de Freixo até à Zona Industrial.As gravuras rupestres de Mazouco nunca tinham sido visitadas por qualquer um de nós e, pela sua importância na arte do Paleolítico Superior, em Portugal e na Europa, merecem bem uma visita. As amendoeiras partilham com as oliveiras e laranjeiras, os socalcos entre Mazouco e o rio Douro. Para além da discussão carvalo-carneiro, a beleza da paisagem e a admiração de arte milenar, são um bom convite para uma outra rota À Descoberta das amendoeiras em Foz Côa e da arte do Vale do Côa.
No caminho de regresso, nas últimas casas de Mazouco virámos à direita, seguindo uma estrada (620) que nos coloca num belo miradouro sobre o Douro. Infelizmente as condições atmosféricas já não eram as melhores.
Seguimos à direita (de novo na N221) até à Estação de Freixo e depois à esquerda em direcção a Torre de Moncorvo. Neste troço da estrada até ao Carvalhal ainda há poucas amendoeiras em flor. Entrámos em Carviçais à procura de mais alguns Detalhes em Ferro.
Como não havia muitas amendoeiras com flor, fizemos uma visita ao bar na estação, no Larinho. É um bom espaço para tomar um refresco, ao fim da tarde.Regressámos à estrada em direcção a Moncorvo. A XXIII Feira de Artesanato está prestes a encerrar. São já 23 feiras e eu visitei grande parte delas. Algumas das presenças são sempre interessantes de observar e saborear como os quadros feitos com escamas de peixe ou casca de alho e as tradicionais amêndoas de Torre de Moncorvo, outras já pouco dizem.
A viagem de regresso a Vila Flor é feita pela N325 até à ponte sobre o Sabor. Depois de se entrar no concelho de Vila Flor, depois da Junqueira, utiliza-se a N215, cheia de curvas mas com boas vistas panorâmicas. Estas são estradas a evitar no dia-a-dia, mas são as ideais para um calmo passeio, em busca de belas Amendoeiras em Flor.
Outras fotografias deste percurso:
segunda-feira, 23 de junho de 2008
O mundo de Trás-da-Serra
A serra a que nos reportamos é, obviamente, a do Roboredo. Pelo que a designação de "trás-da-serra" ou "aldeias de trás-da-serra" para denominar Açoreira, Maçores, Urros e Peredo, terá sido aposta pelos da banda Norte da serra, os da vila, a altaneira Torre de Moncorvo, sede da fiscalidade, das justiças e dos poderes municipais.






Urros, ainda. O regresso do gado, ao fim de tarde, é sempre um momento bucólico que me faz lembrar um célebre quadro de Silva Porto (existente no Museu Soares dos Reis, no Porto)
Não fossem as casas novas, ao fundo, e poderia ser uma imagem captada a bordo da cápsula do tempo, muitos séculos atrás... Terá sido a abundância de gados que ajudou a fomentar a tecelagem de Urros, noutros tempos, que hoje os teares silenciaram-se de vez...
"Canhonas" (ovelhas) e "borreguinhos" na côrte. Aqui ainda se sentem os cheiros medievais...