A cereja no bolo
A cultura, na generalidade das autarquias, não sendo uma prioridade, fica sempre bem, como cereja no topo de um bolo recheado.
E Moncorvo não foge à regra, com equipamentos culturais de boa qualidade.
Em 1997, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, acompanhado pelo dirigente socialista Lopes Cardoso, já falecido e com origens em Moncorvo, inaugurou a Biblioteca Municipal, com pompa e circunstância, sedeada em solar de brasão picado.
Hoje, cataloga cerca de 20 mil livros e conserva os acervos documentais, parcelares na maior parte dos casos, entre outros, de Santos Júnior e Armando Martins Janeira. Também algum espólio, não tanto como seria desejável, do padre Joaquim Rebelo e doações do jornalista Afonso Praça, natural do Felgar, nomeadamente a colecção do semanário “O Jornal”, e ainda a colecção do quinzenário regional “A Voz do Nordeste” entregue pelo seu primeiro director, César Urbino Rodrigues.
Mas a Biblioteca não se esgota nos livros e na preciosa documentação de séculos de vida do município. Tem também uma ludoteca informática e computadores para trabalhos escolares, além de acesso gratuito à Internet.
Uma vez por semana, agentes da Biblioteca organizam leituras para idosos e, mediante o Plano Nacional de Leitura, tem saídas diárias para todas as escolas durante os três períodos lectivos.
Em Março de 2008, também em edifício recuperado, contíguo à Biblioteca, foi inaugurado o Centro de Memória, onde repousam, justamente, muitos dos fundos, doados ou adquiridos, que fazem parte da riqueza patrimonial e intelectual do município.
Ainda na composição do bolo e na sua decoração foi lembrada ao repórter a recuperação do Cine-Teatro, com uma programação heterogénea para públicos vários, a reconversão de um antigo Celeiro num espaço para manifestações teatrais, um Museu do Ferro, com um trabalho notável de recolha e divulgação de um município, cuja identidade assentou, durante muito tempo, na cultura do ferro. Por fim, foi criada uma companhia de teatro residente, amadora, a “Alma do Ferro”, um projecto de que já se vinha falando desde 2001.
Nota: texto de Rogério Rodrigues
fotos de Lelo Brito
do livro MONCORVO, Março de 74 a 2009