Seguindo ainda a "Caderneta de Lembranças" de Francisco Justiniano de Castro, de que já aqui temos falado, encontramos para o dia 1 de Fevereiro de 1898 (há 112 anos, portanto), a seguinte anotação:
"Fevereiro, 1 [1898] - vierão[sic] de Freixo [de Espada à Cinta] o administrador e o Eduardo Taborda a buscar outra vez para Freixo, a papelada toda que de lá tinha vindo" [de Freixo para Moncorvo].
Esta papelada a que se referere esta nota eram os livros de registos e restante documentação das repartições públicas do concelho de Freixo, carregada à pressa nos alforjes de mulas e jumentos, no dia 27 de Junho de 1896, no seguimento de uma decisão do governo de então (do partido Regenerador), de extinguir o concelho de Freixo, anexando-o a Moncorvo. - Ver sobre este assunto, o nosso post de 26.06.2009: http://torredemoncorvoinblog.blogspot.com/2009/06/foi-ha-113-anos-anexacao-do-concelho-de.html
Conclui-se assim que essa "anexação" foi sol de pouca dura (não chegou a dois anos), perante a revolta da população de Freixo que lá chegou a encenar o enterro do dito concelho, com uma urna coberta com a bandeira do município, e panos pretos no edifício da câmara e no pelourinho, terminando com gritos de "Morram os traidores!", visando sobretudo os políticos de Moncorvo com influência bastante para manobrarem junto do Poder em Lisboa e no governo civil de Bragança, nomeadamente os deputados Lopes Navarro (curiosamente este era de Lagoaça) e Dr. Ferreira Margarido.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Efemérides - há 112 anos
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Foi há 113 anos: anexação do concelho de Freixo por Torre de Moncorvo
O moncorvense F. Justiniano de Castro (falecido em 16.07.1901), era um amanuense reformado da Administração do concelho de Torre de Moncorvo, que nos últimos anos de vida se entreteve a anotar episódios interessantes do quotidiano da vila e redondezas, num caderninho que intitulou de "Caderneta de Lembranças", o qual viria a ser publicado pelo Dr. Águedo de Oliveira (antigo ministro das finanças do Estado Novo, natural da Horta da Vilariça), no jornal “A Torre”, sendo depois republicado em separata pela associação Amigos de Bragança (1975).
O episódio que o referido cronista aqui nos relata tem a ver com a extinção do concelho de Freixo de Espada à Cinta e sua anexação a Moncorvo, em consequência de mais uma de muitas reformas administrativas ocorridas no séc. XIX, sendo esta decretada por um governo do Partido Regenerador, ainda nos tempos da Monarquia. Tudo isto tinha a ver com questões políticas da época, tendo motivado, meses mais tarde, aquando de um período eleitoral, uma forte reacção do Partido Progressista, que encenou, inclusive, um enterro do concelho de Freixo (com urna e tudo, coberta com a bandeira do concelho), dando-se morras! aos “traidores” que tinham compactuado com esta extinção e anexação. Com a vitória dos Progressistas (a que chamavam então os “Penicheiros”) o concelho de Freixo voltou a ser restaurado logo no ano seguinte (1897) e, naturalmente, devolvida a documentação oficial que tinha sido confiscada neste acto de força. Note-se que o trajecto foi feito por caminho-de-ferro (entre Pocinho e Barca d’Alva) e o resto do percurso nos dorsos de animais e em carros, também de tracção animal, claro! (ver mapa em cima).