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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

E atão já comprou o "Cheringador"?

Pelo começo do ano era habitual os lavradores comprarem o "reportório" - havia (e há!) dois: o "Seringador" e o "Borda d'agua". Vendiam-se nas feiras por módica quantia (agora podem-se adquirir nas livrarias da vila, onde só chega o Seringador). Este "reportório crítico-jocoso e prognóstico diário" leva já 145 anos de edição e continua a imprimir-se sob a chacela da Lello Editores, sedeada em Baguim do Monte (arredores do Porto). Conserva o típico grafismo arcaico, com uns bonecos ao estilo popularucho de séc. XIX, com recorte de tipo xilogravura.
Abre com um "Juízo do ano" e depois é um sem fim de informações úteis (ou inúteis), como os Eclipses previstos, fases da Lua, começo das estações, visibilidade dos planetas, eras cronológicas, feiras e mercados, e a diversa informação para cada dia do ano (santo do dia, hora do amanhecer e anoitecer, efemérides, indicações para a agricultura, como seja o amanho da terra, o que se deve semear, podas das árvores ou cepas, etc., etc.).
Por aqui ficamos a saber que estamos no ano 2010 da era cristã, que é o ano 4354 do Dilúvio bíblico, mas também o ano 2048 da era de César (esta foi seguida em Portugal como no resto da Cristandade até ao séc. XV), sendo o ano 1430 da era muçulmana, ou ainda o ano 133 após a invenção do telefone, ou seja, o ano 113 da aviação, ou o 112 da invenção da telefonia sem fios, ou o 75 da televisão, etc., etc...
Quanto às feiras e mercados, estende-se uma longa lista, com alguns desses eventos seguramente já passados à história, como sejam as feiras de Carviçais (que se realizava a 24 de cada mês), da Lousa (a 6 de cada mês) ou de Urros (7 de cada mês). Mantém-se Torre de Moncorvo, aos 8 e 23 de cada mês, como se sabe. Dão-se ainda os dias de feira de territórios além-fronteiras, como sejam da província de Ourense e Pontevedra (Galiza), Zamora e Salamanca (Castilla-León).

Quanto ao dia de hoje, 7 de Janeiro, ficamos a saber que é dia de S. Raimundo de Penhaforte, presbítero, e que vamos ter o quarto minguante lunar às 10h e 39m a 16 graus em Balança [constelação]. Anuncia-se tempo "revolto" (será o estado do mar?) e no que toca a trabalhos campestres recomenda-se: "o corte de talhadio de castanheiros, carvalhos, salgueiros, etc. e das árvores destinadas a fornecer madeiras de construção e mobiliário. Continua-se com as podas, a plantação de barbados americanos nas terras quentes, o esladroamento e desbaratamento das enxertias e as adubações nas vinhas. Uma boa poda sanitária durante o inverno é conveniente para evitar o aparecimento de certas doenças e parasitas mais tarde. O podador deve cortar toda a madeira que não lhe parecer sã." E remata com o provérbio: "Minguante de Janeiro, corta madeiro".
Fica a recomendação.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fruta da época - romã

Para esta época, diz o Seringador: "É este o momento mais oportuno para se fazer a poda de toda a casta de árvores. Terminam-se as vindimas nos lugares enxutos e tardios, a colheita das maçãs e peras da época, e procede-se à das castanhas, nozes e avelãs". E poderíamos acrescentar também a colheita de romãs, onde as há.

Dando-se bem em micro-climas mediterrânicos, a romãzeira pontuava os formosos hortos das cercanias da vila de Torre de Moncorvo, chegando a dar nome a um dos bairros do lado poente, entre o cemitério e a rua do Hospital velho (actual centro de dia da Misericórdia). No que restou dessas hortas, na zona do Santiago e nos jardins do Museu do Ferro, ainda se vêm algumas dessas antigas romãzeiras.

Quando madura, a romã abre-se, qual tesouro, mostrando os seus rubiginosos bagos. Talvez por esta abundância de bagos compactos, na Antiguidade, a romã era símbolo da Fertilidade. A coroa que se forma no seu umbigo, semelhando uma coroa real, faziam dela uma fruta rainha.

Aqui lhe deixamos a sugestão de uma sobremesa deliciosa para esta época do ano: uma salada de romã, regada com um bom vinho generoso do Douro (vulgo "vinho do Porto"), ou, se preferir, faça uma visita ao Museu do Ferro e aproveite o soalheiro outoniço nos seus jardins, esbagando os rubis de uma preciosa romã, colheita da casa...

Fotos de N.Campos (romãs e romãzeiras nos jardins do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vindima no Larinho

No seguimento do "post" sobre a "Códiga do Larinho" recebemos algumas fotografias gentilmente enviadas pelo nosso Amigo Dr. Armando Gonçalves, larinhato de gema, ilustrando a vindima deste ano. Aqui fica o registo, com os nossos agradecimentos:

O trato da vinha, outrora muito trabalhoso já que tinha que se fazer a "escava" e a "redra", tudo a força de braço, com sachos ou "ganchas", é agora facilitado com recurso ao tractores. Aqui vemos o Sr. Manuel Gonçalves lavrando a sua vinha, nos arredores do Larinho. Em terras de sairinho.

Aproxima-se o grande momento da colheita. Uma criança percorre os geios, meditando sabe-se lá no quê... Estará a contar os cachos? estará a aperceber-se das diferenças das castas? ou entretém-se apenas a pisar o carreiro das folhas secas?...

O "rancho" ao ataque!... os pequenos produtores recorrem ainda ao sistema de entreajuda de amigos e familiares. Vagas reminiscências de um comunitarismo de outros tempos... No fim, há patuscada e convívio pela certa!...

Alguém está a ficar para trás!... é preciso dar uma ajudinha. Já aí vai o Armandinho! O sol ainda aquenta bem. Alguém canta uma cantiguinha? Olha qu'hoje não s'achega aqui a raposa...

S'tá a descarregar os baldes! Noutros tempos eram cestas de vime, feitas pelo ti cesteiro de Carviçais (ou de outros lados, mas agora só resta o Sr. Celestino, carviçaleiro); tal como eram os cestos vindimos, enormes e pesados para "homes valentes" de outras eras. Decididamente, rendemo-nos à Era do Plástico (preto, como da cor do pitróil)...

E lá vão as uvas a caminho da Adega, onde se transformarão no nosso outro petróleo... Ouro líquido, sol engarrafado e sei lá que mais, lhe chamou Torga, o nosso vate. O mesmo que cantava: «Vinde à terra do vinho, deuses novos! / Vinde, porque é de mosto / O sorriso dos deuses e dos povos / Quando a Verdade lhes deslumbra o rosto»... A Verdade... palavra vã em tempos de tanta falsidade. Se, como diziam os romanos, "in Vino Veritas", hoje nem mil mililitros chegariam para se arrancarem tantas máscaras...
Desejo-te um bom pingato, Armando Amigo, que és dos de certo! E conta comigo pelo S. Martinho, ao menos para me redimir de ter faltado à vossa vindima. Cumprimentos à malta do rancho do tio Manel.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Códiga do Larinho


Cachos de Códiga do Larinho, fotografada na freguesia do Larinho (foto do Dr. Armando Gonçalves)

Parece terem terminado as vindimas e o môsto vai fervilhando pelas adegas das nossas terras durienses. Como toda a gente por aqui sabe, ele há muitas e variadas castas de uvas, sendo as mais conhecidas, no Douro, no grupo das Tintas, a tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinta Francisca, o Tinto Cão, as Tourigas (franca e nacional), o Mourisco Tinto, etc; no grupo das Brancas: o Donzelinho Branco, Esgana-Cão, Malvazia fina, Rabigato, a Códiga, etc. - muitas das designações variam de região para região, mesmo de um concelho para outro, ou de uma freguesia para outra.
Estas castas são transversais a muitos dos concelhos do Douro, sendo difícil determinar a sua origem, pois estão aqui enraizadas algumas delas desde há séculos.
Todavia, há uma que, dada a sua especificidade, foi identificada com uma freguesia do concelho de Torre de Moncorvo: a códiga do Larinho (ver foto acima). Segundo alguns especialistas, será uma sub-casta, ou variedade da casta Códiga. O certo é que é a única que é específica do nosso concelho, embora naturalmente se possa ter já disseminado por outras terras do Douro.
Em tempo de vindimas aqui fica este apontamento (no seguimento do dos "arrotchos"), dedicado aos meus amigos Larinhatos, para que sintam ainda um bocadinho mais de orgulho na sua terra!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Verão prolongado por Outono adentro...


Não sei por que cargas d'água (ou falta dela), ocorreu-me ontem que já estávamos no Outono, se bem que continue a parecer Verão, com o caloraço que se continua a fazer sentir. E veio-me à cabeça aquilo do "verão dos marmelos", que costumava ser sempre antes do "verão do S. Martinho", só que já não me lembrava se era no final de Setembro, ou em Outubro. Nas dúvidas, veio-me à lembradura uma publicação que costumava esclarecer este tipo de "mistérios" e que já aqui foi falada uma vez, num comentário do nosso amigo "Felgar", se não estou em erro. Pois é, o velho "Seringador" que se comprava pelo início do ano, nas feiras (outros preferiam o Borda d'Água). Agora arranjo-o numa das livrarias cá do sítio e mantenho a velha tradição familiar de fazer esta aquisição. Não encontrei a referência que pretendia ao dito "verão dos marmelos", nem sequer soube quando é que se colhem os marmelos (embora saiba que é por agora). Mas dei conta que o dito Seringador conjuga elementos de actualidade com informação verdadeiramente "archeológica": por exemplo, soube que no dia 16 de Setembro foi o Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, que no dia 21 foi o Dia da Doença de Alzheimer, que a 22 foi o Dia Europeu Sem Carros e que a 27 vamos ter o Dia Mundial do Turismo (tudo assuntos muito actuais); em contrapartida, o Seringador inclui uma curiosa nota histórica sobre a consideração que se tinha pelos forasteiros em Bragança, no tempo de D. Sancho I, além de dar os costumeiros conselhos para as sementeiras do fim de Setembro. Nestas ainda inclui o linho, o trigo, o centeio, etc., culturas mediévicas ou vindas de tempos neolíticos, e que hoje podemos considerar praticamente extintas, ao menos nas nossas terras...
O resto, para estes dias, podem ler no recorte que aqui postamos (em cima), a combinar com as galinhas do Vasdoal e para fazer concorrência ao noticiário de Curral de Moinas. Ah, aproveita-se uma informação: dia 29 de Setembro é dia de S. Miguel, o verdadeiro padroeiro do Felgar. Pergunto aos "Pucareiros": continua a fazer-se a festa? no dia próprio, ou em fim de semana? - aguardamos o convite!

sábado, 1 de agosto de 2009

Ainda se colhe cereal na Vilariça

Ainda há machos na Vilariça... (foto N.Campos)

Tendo em conta a feritilidade dos terrenos da Vilariça, é de supor que desde tempos imemoriais este vale tivesse sido o grande celeiro regional. A quantidade de vestígios romanos que aí se encontram são um indício disso mesmo, sendo possível que daqui saísse muito cereal para alimentar as legiões romanas estacionadas noutras paragens.
Também sabemos que a base da alimentação medieval, até ao séc. XIX (antes do incremento da batata), foi o cereal - trigo ou centeio. E se este era confinado às terras mais pobres, já o trigo era semeado nas terras boas, mais férteis, como era o caso da Vilariça.
Aquando do famoso "alardo" promovido pelo mestre de Avis (D. João I) nos campos da Vilariça, já depois de Aljubarrota, diz o cronista Fernão Lopes que o vale estava repleto de "pães" (designação genérica dada ao cereal) já quase amadurecidos. Foi no mês de Maio de 1386.


Uma máquina ceifeira-debulhadora ao fundo e os fardos já prontos a carregar... (foto N.Campos)

Ainda no séc. XIX e XX o cereal ocupava uma boa parte das terras do vale, tendo vindo a perder terreno, nos últimos decénios, em favor do plantio da vinha e de algumas árvores fruteiras. Hoje praticamente não se vê uma seara no vale, pelo que nos despertou a atenção e curiosidade ver uma ceifeira-debulhadora em acção, nos inícios de Julho, nas proximidades das Cabanas de Baixo, entre a estrada municipal e o rio Sabor. O lavrador era das Cabanas, e diz que só ainda faz por cereal sobretudo por causa da palha. Que o grão dá pouco e cada vez menos... Encontrámo-lo a carregar os fardos na sua carroça, ainda puxada pelo fiel e tradicional "matcho"... Uma imagem rara nestes princípios de séc. XXI. Esperemos que com esta "crije" sem fim, este meio de transporte ecológico não venha a ser mais utilizado (atendendo ao preço dos combustíveis) e não tenhamos que voltar a ver o crescimento das searas, se quisermos o pão para a bucha!....
Pode ser também que a Vilariça, outrora cantada como uma "Promised Land", ainda venha a ser a tábua de salvação de Moncorvo e arredores.... - Ou será que os consórcios agrícolas (dominados por capital estrangeiro) a virão descobrir para aqui plantarem uma agricultura industrial, de regadio, e cheia de transgénicos, com pessoal "aero-transportado" de outras paragens, sem criarem sequer postos de trabalho para os indígenas locais?
Que nos reserva o Futuro?

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