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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ecopista Torre de Moncorvo - Ponte REFER Pocinho


Município de Torre de Moncorvo quer garantir a ligação da ecopista do Sabor à linha do Douro


Os municípios de Torre de Moncorvo e de Vila Nova de Foz Côa vão pedir a classificação da ponte rodo-ferroviária do Pocinho como Património Nacional. Para tal, estão a elaborar uma proposta conjunta ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR).

Trata-se de uma ponte centenária, que se encontra fora de serviço há mais de 20 anos. “Já elaboramos dois documentos, um de ordem jurídica e outro de fundamentação histórica, que foram aprovados, por unanimidade, pela Câmara e Assembleia Municipal de Moncorvo”, realça o presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira.

A proposta de classificação, que une os dois municípios, assenta no interesse histórico da infra-estrutura, bem como na importância em ligar a ecopista do Sabor à linha do Douro, pelo seu traçado original.

Além disso, mantém-se intacto o espaço-canal, permitindo que gerações futuras optem pela manutenção de ecopista ou pela reintrodução do transporte ferroviário. “Não faz sentido a ecopista morrer na margem do Douro”, defende Aires Ferreira.

Infra-estrutura inaugurada em 1909 poderá ser aproveitada para fins turísticos

A preservação do património também trará vantagens ao nível do turismo. “Os grupos de pessoas que visitem a região podem sair do comboio e entrar logo na ecopista”, realça o edil.

A ponte ainda se encontra em boas condições de conservação, mas para poder ser utilizada como travessia, quer rodoviária, quer ferroviária, necessita de obras de reabilitação.

A infra-estrutura representou um investimento importante para a região no início do século XX. Em 1886, foi aprovado um projecto para a construção do ramal da Estrada Real nº 9, entre Celorico da Beira e Miranda do Douro, mas, 13 anos depois, foi aberto o concurso público para a construção de duas pontes sobre o rio Douro: a do Pinhão e a do Pocinho. Esta, para além de ligar os dois troços da Estrada Real nº 9, também iria reunir condições para ser aproveitada para o caminho-de-ferro entre o Pocinho e Miranda do Douro. O processo foi-se arrastando e a ponte só foi inaugurada a 4 de Julho de 1909.



FONTE[JORNALNORDESTE]

5 comentários:

Anónimo disse...

Pode ser que a Câmara cumpra desta vez a promessa que fez à 4 anos, a recuperação da Estação de Carviçais.

Rui Carvalho

Anónimo disse...

Queremos congratular-nos por este pedido de classificação. Com efeito, no capítulo de Património Arqueológico e Edificado para o novo PDM, esta era ua das propostas de classificação, como monumento da Era Industrial. Esta ponte (arrojada para a época), tinha como irmã gémea a Hintze Ribeiro, de Entre-os-Rios, que entretanto caíu; Outra ainda semelhante era a da Ferradosa (a antiga), também sobre o Douro e apenas ferroviária. Com o desaparecimento das referidas, esta é a única do género, no atravessamento do Douro, pois há versões mais reduzidas, como "obras de arte" (tecnicamente falando) na linha do Douro, atravessando afluentes. A do Pinhão, também sobre o Douro, sendo férrea, mas apenas rodoviária, tem configuração diferente.
A do Pocinho foi construída entre 1904 (inícios) e 1909. Durante a inauguração parece ter acontecido um episódio caricato, tudo com origem nas politiquices da época, em que se pegaram à pancada os músicos das bandas de Torre de Moncorvo e de Foz Côa!!! (as eternas rivalidades).
Julgamos que para esta obra terá contribuído a influência do Dr. Joaquim Ferreira Margarido, curiosamente um moncorvense oriundo de famílias originárias de Foz Côa, e que convém lembrar como um dos políticos de maior influência que Moncorvo já teve (deputado às Cortes, chefe local e regional do Partido Regenerador, governador civil do distrito de Bragança em várias legislaturas - "apagou-se" com a República, tendo falecido em 1922).
Acrescente-se ainda que o grande argumento para a construção da ponte rodo-ferroviária do Pocinho era a exploração do jazigo de minérios de ferro de Moncorvo. Discutiu-se durante algum tempo a largura da sua bitola, ou seja, se haveria de ser de via estreita ou larga, consoante fosse a melhor solução para o ramal da linha do Sabor, tendo sempre presente o problema do transporte do minério. Optou-se pela via estreita para a linha do Sabor, mas a ponte ficou de certa maneira preparada para poder aguentar com a via larga.
Por ela passaram muitos milhares ou milhões de toneladas de minério (não só de ferro, como, talvez, algum volfrâmio), mármores de Vimioso, o cereal dos celeiros da EPAC, sobretudo das terras de Miranda, e, de baixo para cima adubos e todo o tipo de mercadorias, grande parte delas para o pujante comércio de Torre de Moncorvo. E, claro está, milhões de pessoas, desde o pessoal do Douro qur veio trabalhar para as nossas minas, transmontanos a seguir para o litoral, turistas ingleses, já no final, que vinham, de propósito, para andar no último "vaporr" da Europa...
A ponte do Pocinho (que, curiosamente, parece q nunca teve nome, de político ou outro), cumpriu bem o seu papel, apesar de ter vindo "matar" a velha barca que vinha da noite dos tempos e que tanta guerra deu entre os de Moncorvo e Foz Côa, por causa dos direitos às suas receitas... Outros tempos!
Veio o coroamento da barragem e o fim do combóio e a velha ponte ficou-se à ferrugem. No momento em que se discute um novo atravessamento do Douro, em função do novo troço do IP-2, é oportuno lembrar-mos aqui a sua história, para que (livrem-nos os Deuses!!), se evite a sua demolição/substituição, com venda do ferro-velho para a sucata, como a REFER tem feito por aí a fora... Saudamos, por isso, a classificação, mas depois tem que se pensar na manutenção e em outro uso. - Já se falou num restaurante panorâmico sobre o tabuleiro superior... Venham mais ideias!!

JORGE DELFIM disse...

Concordo que não fique pela margem do rio, seria uma pena a ecopista não poder passar pra la do Douro.

Jorge Delfim

Daniel Conde disse...

O meu aplauso para a iniciativa de reabrir e classificar como Património Nacional a bela obra de arte que é a ponte rodo-ferroviária do Pocinho. Visitei-a há uns meses (fotos em http://carrisdeprata.fotopic.net/c1512607.html), e o cenário actual é desolador. Mas a persistência no alargamento da ciclovia do Sabor até ao Pocinho não me move um gesto de concordância. Bem pelo contrário, merece toda a minha repulsa. E passo a explicar porquê da forma mais simples possível.
Do Pocinho a Moncorvo pela Linha do Sabor são 12km sempre a subir, para vencer um considerável desnível de 280m de altitude, onde as próprias locomotivas a vapor eram obrigadas a fazer uma paragem técnica na dita “estação da Gricha”, para recuperarem pressão. Em condições semelhantes, a ecopista da Linha de Guimarães (Guimarães a Fafe) está às moscas, e não queiram comparar por um minuto que seja o número de habitantes e condições de transporte dessa área com a de Moncorvo. Além do mais, a ciclovia de Fafe é alcatroada, e a de Moncorvo é em terra batida, o que torna comparativamente a caminhada/rodagem mais difícil. Espera aos turistas tão desejados a descer no Pocinho rumo a Moncorvo uma dura escalada; boa sorte. E se a tanto se atreverem, prossigam até aos 25km de subida e 580m de desnível, que constituem, entre o Pocinho e Felgar, a maior rampa ferroviária de Portugal. Se pensam que falo por desconhecimento, explico que pratico BTT na minha terra (concelho de Vinhais) e sei muito bem de que tipos de desnível e de esforço estamos a falar.
Continuemos; a ciclovia do Sabor está a ter um expressivo custo de € 125.000/km. Parece pouco, parece muito? Ponhamos as coisas desta forma: em Espanha, a FEVE, empresa gestora de uma rede de vias estreitas com 1200km de extensão, 300km dos quais electrificados, está a investir em 12 novos comboios (49 M€) com capacidade para atingir 120km/h, investiu também em 120 novos vagões de mercadorias (16 M€), e gere qualquer coisa como 8 comboios históricos (Portugal inteiro tem apenas 2), sendo um deles o celebrado Transcantábrico, mais antigo e luxuoso da Península Ibérica. Melhor que isso, reabriu integralmente uma via abandonada com 340km de extensão; custos envolvidos? Apenas € 123.500/km, ou seja € 1.500/km mais barata que a famosa pista de terra batida num canal já existente a que se dá o nome de ciclovia do Sabor. Para comparar com o que seria reabrir 340km de caminho-de-ferro em Portugal, basta pensar que seria o equivalente a reabrir a Linha do Tâmega (40 km encerrados), do Corgo (71km encerrados), do Tua (76km encerrados), do Sabor (105km encerrados), do Douro (28km encerrados), e com os restantes quilómetros quase que se ia de Bragança à Puebla de Sanábria, almejada meta para a Linha do Tua alcançar a Alta Velocidade Europeia nesta localidade espanhola.
O mais antigo programa turístico da CP, se bem se recordam, o das “Amendoeiras em Flor”, obriga os turistas a fazer de autocarro o que poderiam fazer de comboio na Linha do Sabor. Perguntem a qualquer um deles se preferem as curvas de uma via-férrea ou as de uma estrada da região.
Justificar que as estações ficam todas longe das aldeias é mentira; apenas 6 estações num total de 21 ficam a mais de 1km de distância da população que servem, o que é facilmente solucionado com pequenas carreiras, táxis e transporte particular até à estação. Justificar que a reabertura é impossível porque já levantaram os carris é incongruente: como é que se pode defender então a reabertura da Linha do Douro? Certamente não estão à espera que o comboio vá passar pela via com os carris e travessas que lá soçobram podres e enferrujadas.
Custa-me ver a velha história contada uma e outra vez, e toda as populações locais ou aplaudem ou se remetem à sua apatia de quem não se importa com nada, mas quando as condições faltam são os primeiros a barafustar. Pensem por um bocado que o regresso do comboio pode trazer turistas, o transporte de mercadorias e o de estudantes e idosos mais barato que pela rodovia, o emprego directo e indirecto duradouro. Todo um leque de coisas que nem uma ciclovia nem tão pouco uma barragem trazem.

Anónimo disse...

Caro Amigo Daniel Conde,
subscrevo o seu comentário anterior. Eu próprio tenho dito exactamente a mesma coisa. Será impossível recuperar a linha do Sabor na sua totalidade, a eco-pista de Torre de Moncorvo ao Carvalhal está feita (até porque desde a referida vila até Duas Igrejas os carris e travessas voaram todas, arrancadas pela REFER, ou com o seu consentimento/venda); todavia, de Torre de Moncorvo ao Pocinho (porque era mais inacessível), os carris ainda lá estão! Assim, tendo em vista o tão propalado Turismo pelo vale do Douro, seja pelos barcos, seja pelo combóio, somos também de parecer que se recuperasse o troço Pocinho/torre de Moncorvo, incluindo a ponte férrea, recebendo junto desta os passageiros dos barcos que quisessem subir até Moncorvo, no verão em carruagens panorâmicas puxadas se não por máquina a vapor (que, dado o percurso íngreme, teriam pouca eficiência, além dos custos de manutenção) pelo menos através de uma pequena locomotiva do género das que se usavam em algumas minas; ou então, em automotora do tipo do Metro de Mirandela (agora que se perspectiva o fim da linha do Tua, com os poderosos interesses da EDP por trás, como sabemos, para tramar uma das mais belas vias férreas da Europa - já agora este empório eléctrico até poderia electrificar esta linha, como contrapartida do que vai destruir, não só no vale do Tua como no Vale do Sabor...) - claro que isto deveria ter sido negociado a tempos e horas e já não agora, por quem de direito!...
Assim, a nossa opinião era: recuperar a linha do Pocinho a Torre de Moncorvo para fins turísticos (podendo beneficiar-se do afluxo turistico de Espanha, se se concretizasse a recuperação da linha de Salamanca/Barca-de-Alva/Pocinho); de Torre de Moncorvo para cima > ecopista, por ser o declive mais suave e, a partir do Carvalhal para cima (em direcção a Carviçais), praticamente plano.
Haja alguém com bom senso e com peso político e técnico suficiente para propor estas ideias a quem de direito, já que, nestas coisas, "o povo é quem menos ordena" (aliás, o povo bate palmas a tudo o que lhe impingem a partir de cima) e toda e qualquer sugestão, mesmo que bem intencionada, é mal-vinda perante ideias feitas e directrizes definidas por quem manda. E depois é assim que nascem os "elefantes brancos", mas isso é assunto que, no final, já não interessa a ninguém, culpas não há, e, a haver, morrem solteiras...

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