Como sou alérgico a cartões, não quero deixar, contudo, de dar as Boas-Festas a todos os autores do blogue e aos seus frequentadores, assíduos ou circunstanciais que sejam, pelo que resolvi enviar estes toscos versos antes que o Natal chegue e nos consumamos em lugares comuns. Espero que não levem a mal.
Quando o Natal chegar...
Quando o Natal chegar
liberta o pirilampo e liberta a Luz
arruma a ternura e arruma a casa.
E areja o sótão da tua infância.
Quando o Natal chegar
dá música aos surdos
e palavra aos mudos
afaga laranjas nas mãos frias
e figos secos ao luar
e amêndoas de Agosto a quem chegar
e limões, e ácidos limões, em teu lugar.
Quando o Natal chegar
à beira do rio olha a outra margem
cheia de sombras, pedras e perdas
e abre os braços, colunas e pontes
e começa a tocar a alma qual piano
na translúcida mágoa de nada tocar.
Quando o Natal chegar
Jesus já passou sem passar
na barca do tempo, entre margens
sem rio, mas à beira de naufragar.
Quando o Natal chegar
não leves granadas para casa
nem bombas para qualquer lugar.
Caça pombas ao anoitecer, morcegos
da tristeza, olhares cegos, vazios e frios.
Quando o Natal chegar
olha os filhos como se só então nascessem
e os dias fossem cristais
partindo grãos de romã,
tão sensíveis ao ouvido
mas sem pena nem sentido.
Quando o Natal chegar
adormece à beira dos violinos
com a loucura dos deuses
e a tristeza de Mozart.
Que os deuses devem estar loucos
porque a lareira está-se a apagar.
Quando o Natal chegar
cuida das prendas e ofertas
aos que nunca mais vão chegar.
Entre pedras e perdas
guarda o amor de guardar
que a face da mãe ondeia
e o pai adormece a lacrimejar.
Quando o Natal chegar
a nordeste de tudo, mais vale
encher o saco de Nada
e percorrer a noite, até ao abrigo
dos campos da quimera calcinada.
Com o saco cheio de Nada
visita a Índia e o Afeganistão.
Toca às portas da Palestina
e canta dor às portas da prisão.
Quando o Natal chegar
enche o saco de Nada.
Pode ser que por tanto Nada
algo te queiram dar:
um filho, um sorriso, talvez luar.
Quando o Natal chegar
talvez amor e amar.
Dádiva por dádiva,
aceita, é de aceitar.
Rogério Rodrigues
domingo, 30 de novembro de 2008
Cartão de Boas Festas
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Caça à Raposa II
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Caça à raposa
Ao ver o anúncio da batida ao javali, lembrei-me que no álbum de família havia umas fotos de caçadas. E esta pareceu-me a mais indicada para reforçar a tradição cinegética de Moncorvo. Muitos reconhecerão os intervenientes desta caçada à raposa no Reboredo, nos anos 60. Eu lembro-me de alguns nomes e muitas alcunhas, mas não as menciono, embora pense que hoje fazem parte do património cultural da vila. A Universidade de Évora editou um livro sobre as alcunhas no Alentejo e creio ser um bom tema para o Centro de Memória e um desafio ao Nelson.
Leonel Brito
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Adoração à chuva
No dia em que começaram a cair algumas gotas de chuva, lembrei-me desta fotografia, que tirei na Mata do Reboredo, depois da uma grande chuvada.
Penso que se trata de frutos da cebola-albarrã (Urginea maritima).
domingo, 23 de novembro de 2008
Montarias - Mós - Janeiro de 2009
18 de Janeiro de 2009
8 de Fevereiro de 2009
N.º de postos – 120
Data limite de inscrição – 14 de Dezembro de 2008
Taxas – Tipo A: 30 €; Tipo B: 40 €; Tipos C e D: 60 €

sábado, 22 de novembro de 2008
Só se lembra dos caminhos velhos...
Quando estudava em Évora nos inícios dos anos 60, tinha que vir de comboio; Évora , Barreiro (barco), Lisboa, Porto, Pocinho e finalmente o Alto da Ventosa. Em Fevereiro de 74 ainda era uma aventura africana ir da capital do império a Moncorvo. Agora, abro a net e vou à Moncorvo da minha infância e de sempre. Atrás do adro, quando o largo ainda era um terreiro e brincava à d'Artagnan com o sabre do guarda Redondo, depois de o Sr. Moreira passar mais um filme de capa e espada, no cine-teatro, o quartel da guarda era o meu castelo. Hoje é a fortaleza do ferro. E como também a casa onde nasci é hoje o Centro de Memória, tudo são razões para eu dar o meu contributo.
E como só se lembra dos caminhos velhos quem tem saudades da terra , envio uma reportagem do Assis Pacheco, de 20 de Fevereiro de 74, onde fala da partidela da amêndoa no Peredo dos Castelhanos, a terra do Rogério.
Leonel Brito
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Sugestões outoniças em tempo de "sanchas"
Realizou-se no passado fim de semana, em Torre de Moncorvo, uma jornada micológica, com recolha de cogumelos na zona da serra do Roborêdo e sua posterior observação, identificação e comparação no auditório do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, como se pode ver no seguinte link: http://parm-moncorvo.blogspot.com/2008/11/1-passeio-micolgico-organizado-pelo.html

Por exemplo, se "fôr às sanchas" (foto acima), não arranque o cogumelo, mas leve uma faca apropriada para cortar o caule, de forma a que a sua raíz continue na terra; raspe um pouco o caule ou sacuda o cogumelo, para que os esporos caiam à terra e garantam a reprodução futura; é preferível levar uma cesta, pois há sempre a possibilidade de alguns esporos caírem à terra através das fasquias do vime. E, acima de tudo, se tiver dúvidas na identificação de algum espécime, é melhor não o apanhar! Se, por acaso, algum espécime venenoso fôr parar à cesta, é melhor não arriscar e deitar a recolha toda fora, no próprio pinhal, ou onde se tenha realizado a recolha.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Outono na Serra
Dos jardins do Museu, em amplo cenário, divisa-se a Serra, como um vagalhão oceânico abatendo-se sobre a vila.
A Serra, nesta fase do ano, torna-se camaleónica, ora envolta em avalónicas brumas, ora brilhando com revérberos de vinho generoso, sob a luz magnífica de Novembro, brincando às escondidas com as nuvens, num jogo caprichoso de luz e sombras.

Defronte, os vinhedos das Aveleiras desenham fímbrias de vermelho e dourado, sublinhando o verde dos pinheiros e de outras coníferas. De onde em onde há umas pinceladas de amarelo-alaranjado dos velhos carvalhos que deram nome à serra, a partir da sua matriz latina: “Robor” (carvalho) > “Roboredo” (carvalhal).

Cá em baixo, pelas ruas da vila, outras folhosas vestem-se provocadoramente de amarelo, para logo de seguida iniciarem o seu “streep tease” outonal. Não tarda ficarão nuas e arrepiadas com o rigor do Inverno, porventura como brancos fantasmas polvilhados de geada, em noites de lua cheia, gritando pelo renascer de uma primavera que ainda vem longe.
É o ciclo das estações, o tempo e as horas, marcados pela Torre…
É a magia de uma época do ano especialmente romântica, reclamando a sua visita!
Texto e fotos: Henrique de Campos
São Martinho

No dia de São Martinho, a 11 de Novembro, fazem-se os magustos, tradição que remota de há muitos anos, fogueiras ao ar livre, reunindo-se familiares e amigos enquanto as castanhas estalam na fogueira. Comem-se castanhas assadas acompanhadas de vinho novo, jeropiga ou água-pé. Já o velho ditado diz:
Alguns dos Provérbios do São Martinho:
- No dia de S. Martinho vai à adega e prova o teu vinho.
- Mais vale um castanheiro do que um saco com dinheiro.
- Dia de S. Martinho fura o teu pipinho.
- Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
- Se queres pasmar teu vizinho lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
- Dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
- Pelo S. Martinho, prova o teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano.
- Pelo S. Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho.
Sabor no seu Esplendor
Imagens estas que vejo todos os dias; montes e verde que rodeiam o rio, que um dia ficarão apenas na memoria e numa fotografia.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
GDM está de parabéns!!!
Recorde-se que o GDM está no 3º lugar da 3ª divisão (série B), em igualdade de pontos com o primeiro classificado.
Por mais este feito, parabéns ao clube da nossa terra!
e preparemo-nos todos para ir apoiar o GDM!!
(em princípio o jogo será no dia 27 de Novº., em Torre de Moncorvo).
Antes do jogo Peniche-G.D.Moncorvo, que seria ganho pelos moncorvenses (1-3). Foto cedida pelo Sr. Paulo/Tropicália, a quem agradecemos.
Taça Portugal (3.ª eliminatória): Torre de Moncorvo segue em frente
O Torre de Moncorvo, da III Divisão, garantiu, este domingo, a continuidade na Taça de Portugal, depois de derrotar, em jogo em atraso da terceira eliminatória, o Peniche, por 3-1.
Com este triunfo, o Moncorvo ganhou o direito de defrontar o Vitória de Setúbal, da 1ª Liga, em jogo agendado para 19 de Novembro, que encerra a quarta eliminatória da Taça de Portugal.
in: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=125&id_news=358052
Definição de nova data, segundo notícia do "Record":
JOGO DA TAÇA em Moncorvo no dia 27 - Falta apenas a confirmação federativa
V. Setúbal e Torre de Moncorvo chegaram a um acordo praticamente definitivo sobre a data do jogo da 4.ª eliminatória da Taça de Portugal: 27 de Novembro, quinta-feira, às 19.30. A data, a três dias da disputa da 10.ª jornada da Liga, carece ainda de confirmação por parte da federação.
in: http://www.record.pt/noticia.asp?id=811722&idCanal=23
Do jornal O Setubalense, de 14.11.2008:
(...) Finalmente, na quinta (dia 27) para a Taça de Portugal Millennium, e agora sim data confirmada pela FPF depois das hipóteses avançadas de 19 e 20 (esta última entretanto abandonada porque coincidia com a data de aniversário do Vitória), em Torre de Moncorvo, às 19.30h, a resolução da eliminatória com o vencedor deste desfecho já com adversário à espera, saído do sorteio que hoje mesmo, no auditório da FPF, se realiza.
In: http://www.osetubalense.pt/noticia.asp?idEdicao=251&id=9155&idSeccao=2073&Action=noticia
Para saber mais sobre o GDM, clicar em: http://www.zerozero.pt/equipa.php?id=3611
... E veja a grande reportagem sobre o GDM, no Jornal de Notícias on line, de 18.11.2008: http://jn.sapo.pt/paginainicial/Desporto/interior.aspx?content_id=1045873
Para ver as fotos da mesma edição do J.N., clique neste endereço: http://jn.sapo.pt/multimedia/galeria.aspx?content_id=1046025
S. Martinho de Maçores
Realizou-se neste fim de semana (dias 8 e 9) a tradicional festa de S. Martinho de Maçores. Apesar do dia de preceito ser o 11 de Novembro, os organizadores resolveram antecipá-la por calhar em dia de semana (também aqui a tradição a ceder aos ritmos dos novos tempos…)
Continuou a fazer-se a ancestral “procissão” com o caldeiro cheio de vinho, pelas ruas da aldeia, com acompanhamento do gaiteiro vindo das terras de Miranda, e o magusto colectivo nas Eiras. A animação nocturna ficou a cargo do impagável Quim Barreiros (que já aqui tinha actuado há poucos anos) e de um conjunto da região, isto além do programa religioso.
Mas, aproveitando o tema, será bom recordarmos excertos de um texto do nosso saudoso mestre Padre Joaquim M. Rebelo, incluído nas Actas de um congresso intitulado: “A festa popular em Trás-os-Montes”, realizado em Novembro de 1993 (a publicação é de 1995). Começando pelo princípio, aqui vai:
“Resumo biográfico de S. Martinho
S. Martinho nasceu na Panónia (Áustria, Hungria?), cerca do ano 316, de pais pagãos. Depois de aos 18 anos receber o baptismo, renunciar à carreira militar e ter viajado pelo Oriente, onde se iniciou na vida monástica, fez, por algum tempo, vida de ermitão.
Fundou alguns mosteiros mas o mais famoso foi o de Ligugé (França) onde levou vida monástica sob a direcção de Santo Hilário.
Foi depois ordenado sacerdote e mais tarde eleito bispo de Tours.
Pregou o Evangelho pelos campos da Gália numa linha de extirpar os restos de paganismo, a superstição e a ignorância do povo e foi durante muitos séculos o santo mais popular da Europa Ocidental pela nobreza de carácter, pela sua bondade (a capa de S. Martinho…), humildade, etc..
Morreu no ano de 397.
A sua memória litúrgica é a 11 de Novembro.”
Ou seja, na sua biografia nada o relaciona com o vinho. Aliás, o padroeiro dos vinhedos do Douro, não é S. Martinho, mas sim Santa Marta (que, ao que conste, também não era nenhuma “borrachona”!...).
A associação de S. Martinho ao vinho parece derivar apenas do facto de o ciclo da fermentação e apuramento do mosto, transmutado em Vinho, se consumar por volta da data consagrada ao referido santo (a vida agrícola regulava-se pelo calendário a que o Cristianismo associou os seus santos mártires e festas litúrgicas, normalmente sobrepostas às festas pagãs pré-cristãs).
Assim, quanto ao S. Martinho, foi ainda o Pe. Rebelo quem recolheu os seguintes ditos populares: “Pelo S. Martinho, todo o mosto é bom vinho”; “No dia de S. Martinho (11/11) prova o vinho, mata o porco e põe-te de mal com o vizinho”; “No dia de S. Martinho (11/11), lume, castanhas e vinho”.
Mas, voltando à festa de S. Martinho de Maçores, devolvamos a palavra ao Pe. Rebelo, que a descreveu a partir de uma recolha que fez em 1990:
“(…) A festa mais (típica, semi-pagã) do concelho de Torre de Moncorvo, embora, ultimamente, esteja a ser adulterada com a introdução dos conjuntos musicais, é a do S. Martinho, freguesia de Maçores, que se celebra a 10 e 11 de Novembro (…).
‘É uma festa que nada se assemelha a das outras vizinhas’, diz-me um velhote a viver intensamente a festa.
‘Há três coisas que não faltam na festa – acrescenta o idoso – o vinho na caldeira, as castanhas e o gaiteiro’.
‘É uma festa muito alegre, até se diz que é a festa dos bêbados’.
No dia 10 chega o gaiteiro, ‘cuja chegada é anunciada com o estralejar dos foguetes’.
Depois o gaiteiro é ‘sorteado pelas mordomas para ver quem irá dar o alojamento ao mesmo’.
Logo que chega, o gaiteiro, acompanhado por ‘alguns homens de diversos níveis etários’, dá volta à povoação, não se calando até à hora do jantar (cear).
À noite, há o arraial com um ‘conjunto’ e a arrematação de prendas oferecidas pelas moças.
Dia 11 é o grande dia. Da parte da manhã, o gaiteiro percorre novamente as ruas tocando e os acompanhantes cantando e dançando.
De tarde há a missa e a procissão acompanhada pelo gaiteiro que toca canções religiosas, como o ‘Queremos Deus’, ‘Santos e Arcanjos’…etc.’
A seguir, para estes camponeses chega a parte mais importante da festa – o magusto, ‘porque, segundo o tal velhote, se o S. Martinho fosse vivo, era quem mais cantava e dançava’.
O magusto comunitário iniciou-se por volta das dezasseis horas. Antes, porém, o gaiteiro percorreu, novamente as ruas da aldeia acompanhado de muitos homens e rapazes com uma caldeira enfiada numa vara de cerca de dois metros de comprimento segurada por dois jovens, e na qual foi deitado o vinho oferecido pelos proprietários da terra.
A caldeira, que leva, talvez, mais de
E todos os estranhos que neste dia aparecem em Maçores são obrigados a beber de bruços na caldeira. Se não beberem mete-se-lhe a cabeça dentro da caldeira.
O cortejo encaminha-se para o lugar das Eiras, onde o magusto se vai realizar.
Durante esta ‘procissão’, que o gaiteiro e o povo fizeram pelas ruas da aldeia, antes de chegarem ao lugar do magusto, cantam quadras como estas:
Ai eu hei-de morrer na adega,
Ai o tonel seja o caixão
Ai o vinho seja a mortalha
Hei-de morrer com o copo na mão.
Minha sogra morreu ontem,
O diabo vá com ela,
Deixou-me as chaves da adega
E o vinho bebeu-o ela (…)
O cortejo chegou finalmente ao largo das Eiras onde se vai fazer o magusto. A palha espalha-se no largo e as castanhas, em grande quantidade, são lançadas nessa palha à qual se ateia fogo. (ver foto acima)
Os foguetes estralejam, as castanhas removidas por homens, com compridas varas, estoiram aqui e ali provocando a hilaridade que contagia velhos e novos.
As pessoas vão aproveitando, não há fronteiras sociais, para comerem as que lhes parecem melhores, deixando as glórias ou piadas (castanhas encruadas) e as queimadas.
(…) Entretanto, os rapazes, e não só, aproveitam o fim do magusto para enfarruscar sobretudo as raparigas, que lhes retribuem na mesma moeda ‘ficando negros como carvoeiros’. Entre uma gargalhada, uma castanha, um gole de vinho e uma enfarruscadela à parceira ou parceiro do lado, acaba o magusto.
Regresso à aldeia. E a festa continua pela noite dentro com o gaiteiro resfolegando e a malta, já meio enrouquecida, cantando”.
Desta feita, em 2008, já no século XXI, a festa perdura e ainda foi mais ou menos assim. Terminando com o Quim a debitar: “e o cavalo do teu pai, e a égua da tua mãe, e o porco do teu irmão, "…etc. para já não falar da sua mais romântica canção (diz ele): "quero cheirar o teu bacalhau, Maria!..."
Para o ano há mais!
Texto: N. Campos e Padre J.M.Rebelo, artigo citado (em itálico).
Fotografias: de autoria de Filipe Camelo, tiradas nos dias 8 e 9 de Novembro de 2008.
Nota1: Entretanto, pode visitar o fórum de Maçores (é preciso registo prévio): http://www.macores.pt.vu/
Nota2: ainda sobre este tema, pode ainda visualizar algumas excelentes fotos da festa de 2006, da autoria do nosso colaborador António Basaloco, em: http://www.antoniobasaloco.org/gentes97.htm
sábado, 8 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Gente
Moncorvo, com a camioneta de estudantes, era passagem.
Depois, a Sé, com a figueira, fez a aliança. Ainda bem que a fez.
Neste entretanto, a sul, em terras da planície,
com templos feitos de pedras com história, em eternas aprendizagens, trabalho, aprendendo a Vida.
Agora, nesta lonjura da doce planície, recordo,
porque passagem já pouca há,
o que o tempo não deixou, não deixa, esquecer.
Recordo o Rogério, um dia, num bairro de Lisboa, com simbologia.
Recordo os padrinhos, bons, na ourivesaria, na Praça;
um reconhecimento merecido, grato, daqui.
Obrigado.
Recordo os pais do Rogério, ao lume, na casa junto à Praça.
Não sei se partiram;
sei que ficaram.
Ei-los aqui!
J. Rodrigues Dias
domingo, 2 de novembro de 2008
Cruzeiro no Cabeço da Mua - Felgar
Corria o ano de 1939. Talvez 1940, dizem alguns.
Um grande cruzeiro em granito foi colocado no alto do Cabeço da Mua, freguesia de Felgar.
Quis o destino que no ano seguinte o cruzeiro fosse derrubado pelo “ciclone”
Assim permaneceu até ao dia 12 de Março de 2005, dia em que foi de novo reerguido.
Se circularem na estrada nacional indo de Moncorvo em direcção a Carviçais, depois de passarem pelo Carvalhal olhem para a esquerda, para o alto do Cabeço da Mua.
Se puderem subam! Vale a pena.
Uma nota: ainda há que se lembre desse temporal. Daria um bom tema a explorar. Mas é melhor não perderem tempo.
António Manuel
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Fernando Assis Pacheco
“E aí vem o Assis, durante uma semana, a fazer seis ou sete reportagens sobre Moncorvo para o República. Ainda hoje são o grande retrato de Moncorvo, três ou quatro meses antes do 25 de Abril. Estávamos em Fevereiro de 74. Vem com ele, como fotógrafo e guia na geografia física e humana de Moncorvo, o Leonel Brito que tem mais de 50 fotografias da vila e de aldeias naquela época. São dois retratos notáveis de Moncorvo”.
Rogério Rodrigues.
As reportagens saíram durante sete dias nas centrais do República com o titulo “Moncorvo, Zona Quente na Terra Fria”. Lembro-me da perturbação que causou na “classe” que frequentava o café Moreira e se passeava na praça.Leonel Brito
Em 77 regressei para fazer o documentário “Gente do Norte ou a História de Vilarica” (realização minha e texto do Rogério).
Foi depois de ler o comentário de António Cristino que decidi enviar esta foto. Tenho comigo os exemplares do República, que tenciono entregar à biblioteca, bem como publicações em jornais e revistas sobre “Gente do Norte”.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Barragem das Olgas
A Barragem das Olgas, em Maçores destina-se ao fornecimento de água potável a Torre de Moncorvo, Sequeiros, Açoreira, Maçores, Felgueiras, Urros, Peredo dos Castelhanos, Quinta das Centeeiras. Também se destina a abastecer Ligares pertencente ao concelho de Freixo de Espada à Cinta.
Ao que parece, a barragem de Vale de Ferreiros não tem cumprido tudo o que se esperava dela. A futura barragem funcionará em conjunto com a Barragem do Arroio, por forma a garantirem o abastecimento urbano a 100% (a 5.000 habitantes). Está prevista a ligação entre as duas, de forma que uma possa suprir as necessidades da outra.
A barragem será implantada na ribeira do Arroio, na freguesia de Maçores, afluente do rio Douro, a cerca de 170 metros, a jusante da junção da ribeira do Arroio com um seu afluente, a ribeira das Olgas.
A cerca de 1,8 km, medidos em linha recta, a sul da barragem das Olgas, situa-se a Barragem do Arroio, em exploração desde 1992, a partir da qual são actualmente abastecidas as povoações de Peredo dos Castelhanos, Urros, Quinta das Centeeiras e Ligares.
A vida útil da barragem está prevista em 40 anos, mas vivendo nós em Portugal, sabemos que estará connosco "até que a morte nos separe".
Ao contrário de outras barragens, a área que vai ser utilizada na criação desta, não inclui nenhuma área sensível, nem incluiu o habitat de nenhuma espécie animal ou vegetal de interesse comunitário. Há a preocupação que as terras retiradas sejam utilizadas para a regularização de outros terrenos nas imediações e que os poucos pés de oliveiras que é necessário arrancar, possam ser transplantadas para locais muito próximos. Apesar do pequeno caudal da ribeira, está prevista a manutenção de um caudal ecológico (espero que venha a ser cumprido).
Os habitantes de Maçores já olham para a infraestrutura com vaidade. Espero sinceramente que a mesma venha a traduzir-se na melhoria da qualidade/quantidade de água no abastecimento público neste concelho tão carente deste bem (e o Douro ali tão perto!).
domingo, 26 de outubro de 2008
Partidela de amêndoa
Serve esta fotografia de 1974, enviada por Liónidas de la Torre para recordar que no próximo Sábado, 15;30 horas, vai ter lugar 5ª Partidela Tradicional de Amêndoa no Museu do Ferro & da Região de Moncorvo. Há música, animação ... e amêndoas. Espero que também não falte um repórter, para nos "contar" o que se vai passar.
A fotografia é espantosa e espreita a beleza de um tempo. Daquele tempo.
Em 1975 , no ano seguinte, também eu fui a várias "sessões" da partidela de amêndoa. Metia-me em tudo, acabada de chegar de África queria experimentar coisas diferentes da terra fria. Aliás, na altura, aquele ritual divertia-me, parecia que estava a brincar. "Acertar" a cadência das marteladas com a dos Pais Nossos e Ave Marias do terço que simultaneamente se rezava, era um "jogo" divertido. Por vezes, desacertava, batia com o ferrinho ao lado e magoava um dedo mas isso fazia-me rir pois ponha-o na boca para arrefecer como os cowboys a pistola nos filmes do Faroeste.
Também andei à amêndoa e senti a "liberdade" cabrita de andar pelos montes. E os meus pais em Moçambique ainda…
Eu contava-lhes estas histórias por carta , muito contente, e eles ficavam muito "aflitos", pois que diriam na terra "a filha do Óscar e da Bernardete a andar à amêndoa…, devem estar a precisar, coitados!...". Não era assim e eu também não queria saber da jeira . Queria "brincar" e "fingir" que era "uma mulher do campo". Tinha 15 anos e, quem sabe, o fascínio das máscaras ...
Hoje, posso concluir que as memórias também se fazem de fios de água. Coisa pouca, mas estes têm um cheiro de raiz transmontana à sua passagem.
M. Aleixo