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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Páginas de Caça na Literatura de Trás-os-Montes

Acaba de me chegar às mãos este livro "Páginas de Caça na literatura de Trás-os-Montes" com selecção de textos e organização de A.M. Pires Cabral. Saiu a público há poucos dias. Já o li, ainda que em diagonal, e tem textos preciosos além de especificidades vocabulares e linguísticas que são nossas. O livro divide-se em sete capítulos: Caçar; Caçadores;Histórias de Caça;Cães; Lobos; Outras caças; Caça Miúda.
Serão Miguel Torga e Camilo Castelo Branco os que mais participam nesta colectânea. Mas vale a pena recordar outros nomes que aqui escrevem: Fausto José, António Cabral, Sousa Costa, Pre Domingos Barroso, Salvador Parente (indispensável a leitura dos provérbios transmontanos deste velho padre de Vila Real, nota minha), João de Araújo Correia (quase obrigatório ler os contos deste João Semana da Régua, nota minha), A. M. Pires Cabral, Bento da Cruz, Vaz de Carvalho, Ângelo Sequeira, Domingos Monteiro (tem uma novela, O Crime de Simão Bolandas , que se passa no Peredo, nota minha) João de Deus Rodrigues, Manuel Vaz de Carvalho, Dr. Ferreira Deusdado, Mello Junior, Montalvão Machado, Cristiano de Morais, Guedes de Amorim Fernando Mascarenhas, António Fortuna, Gil Monteiro, Pina de Morais.
Escreve A. M. Pires Cabral na sua nota introdutória: "Hoje em dia não há terrinha por esse país fora que não seja ou queira ser capital de qualquer coisa. Não precisamos de sair do âmbito de Trás-os-Montes e Alto Douro: Vila Pouca de Aguiar capital do granito, Vinhais do fumeiro, Valpaços do folar, Vila Real do automobilismo, Mirandela da alheira, Armamar da maçã, Resende da cereja, Vila Nova de Foz Côa da arte rupestre, Freixo de Espada à Cinta da amendoeira florida..."
Pires Cabral reivindica para Macedo de Cavaleiros a capital da caça. Já seria tempo de Torre de Moncorvo reivindicar o título de a capital do ferro.
Não ponho a capa do livro porque o meu saber informático não dá para tanto. De qualquer modo na próxima semana estarei em Moncorvo e levarei o livro. Pretendo falar com o Emílio Cardanha para saber até que ponto aceita a colocação de alguns livros de temática transmontana (inclusivè este) na sua papelaria. Vale.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

CP relança Amendoeiras em Flor - Programas


A CP decidiu reeditar as viagens às Amendoeiras em Flor, tendo já previstas quatro excursões, coincidentes com os quatro sábados do mês de Março e que aliam o comboio ao autocarro.
As novas viagens ao cenário florido de Trás-os-Montes e Alto Douro estão disponíveis em dois itinerários em comboio especial e autocarro, com saídas de S. Bento (Porto) às 7h25 e chegada ao Pocinho às 11h03. No sentido inverso, os comboios especiais partem do Pocinho às 19h49 e chegam a S. Bento às 23h06.
Os itinerários disponíveis prevêem visitas ao Pocinho, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta (almoço), Penedo Durão, Barca de Alva, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa, no caso da opção A, enquanto que a opção B passa por Freixo de Numão, Penedono, Trancoso (almoço), Marialva, Meda, Longroiva e Vila Nova de Foz Côa.
O preço destas viagens é de 28 euros por adulto e 20 euros por criança, sendo que os bilhetes podem já ser adquiridos em toda a rede de bilheteiras CP.
I.M.



[FONTE:-TURISVER]

Livro - "Primeira Comunhão", de Júlia Guarda Ribeiro

Mais uma novidade literária, que será brevemente apresentada, em Torre de Moncorvo, no próximo dia 14 de Março (Biblioteca Municipal). 

Trata-se de mais um conto de autoria da Drª Júlia Guarda Ribeiro (Biló), o terceiro da série dos livrinhos da capa dourada. - A não perder!!

Maria Júlia Ferreira de Barros Guarda Ribeiro, nasceu em Torre de Moncorvo em 17.08.1938. Herdou de sua mãe, exímia cobrideira de amêndoa do bairro da Corredoura, a alcunha de “Biló”, que adoptou na sua produção literária mais relacionada com esta vila transmontana. Seu pai era conhecido pelo Sr. "Barros dentista", por ter exercido esta actividade nesta vila e, mais tarde, em Mogadouro, onde faleceu. Frequentou o Colégio Campos Monteiro e licenciou-se posteriormente em Línguas Germânicas, tendo sido professora de Inglês e Alemão no liceu de Leiria. Fez um mestrado em Ciências de Educação e foi formadora de professores e tradutores. O facto de se ter radicado em Leiria, por força da sua vida familiar e profissional, levou a que estivesse um pouco retirada da sua terra natal, mas nos últimos anos reatou, de uma forma mais presente, essa ligação às origens, o que muito tem enriquecido a literatura da nossa vila. Em boa hora se deu esse feliz regresso, porque, para além do mais, Júlia Biló é uma excelente contista. Destacamos, neste domínio, os extraordinários contos, a mor parte deles recolhidos no bairro da Corredoura (ou "Cordoira",no dizer popular) como o indica a ilustração da capa, representando a velha casa de xisto, ao lado da taberna do sr. Aníbal "Espanhol", onde se juntavam, outrora, as velhas contadoras de estórias a que a autora dá voz (Contos ao Luar de Agosto, I e II). A esta escrita memorialística a autora junta uma preocupação social omnipresente, de filiação neo-realista, que se impõe sobretudo, como seria de esperar, no livro sobre a vida e a luta das mulheres da Marinha Grande durante o "Estado Novo".

Da sua produção literária, temos a destacar:

1) Com assinatura de Júlia de Barros Biló:

- Somos poeira, somos astros, Magno edições, Leiria, 2000 (com patrocínio da C.M. de Torre de Moncorvo) – poesia (sendo alguns dos poemas compostos na sua juventude, passada em Moncorvo, nos tempos do colégio Campos Monteiro, e outros baseados na literatura oral recolhida junto de pessoas idosas de Torre de Moncorvo);

- Contos ao luar de Agosto, Magno edições, Leiria, 2000 (com patrocínio da C.M. de Torre de Moncorvo) – contos, sobretudo da Corredoura, T. Moncorvo, baseadas em tradições e episódios reais.

- Contos ao luar de Agosto II, Magno edições, Leiria, 2001 (com patrocínio da C.M. de Torre de Moncorvo) - contos, sobretudo da Corredoura, T. Moncorvo, na continuidade do anterior.

- De olvido e de silêncio. Crónicas e contos. Leiria, 2001 (com patrocínio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo) – contos, sendo algumas histórias baseadas em episódios reais passados nos finais do séc. XIX e inícios de XX.

- Constantino, Rei dos floristas: uma quási-biografia. Magno edições & Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Leiria, 2003 – a obra mais volumosa da autora, versando sobre a vida e os trabalhos de um artista moncorvense do século XIX, que se notabilizou na Europa do seu tempo.


2) Com assinatura de Júlia Guarda Ribeiro (Biló):

Os contos da minha avó, com ilustrações de sua neta Catarina Isabel, Magno edições, Leiria 2003. Uma incursão na literatura infantil.


3) Com assinatura de Júlia Guarda Ribeiro:

- Recordar Guarda Ribeiro (recolha de escritos e anotações), Folheto, Edições & Design, 2006 [o Dr. António José Guarda Ribeiro, advogado, político e colunista, defensor dos trabalhadores e sindicatos sobretudo dos vidreiros da Marinha Grande, sua terra natal, faleceu em 2002, sendo esposo da Drª. Júlia Guarda Ribeiro]

- Mulheres da Marinha Grande. Histórias de luta e de coragem. Com ilustrações de Guilherme Correia, Folheto, edições & design, s/d [2008]

Colecção dos contos "da capa dourada"[designação nossa] :

- … E chegaram três reis magos em Agosto, com ilustrações de Guilherme Correia, design: Luís Mendonça, Dezembro, 2005

- Duas rosas que nunca cheguei a receber,  ilustr. de Guilherme Correia, concepção gráfica: Folheto edições & design, Março, 2007

- Primeira comunhão,  ilustr. de Guilherme Correia, concepção gráfica: Folheto edições & design, Dezº. 2008.

Quanto a este último livro de contos, que será lançado na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo no próximo dia 14 de Março, aconselhamos desde já a leitura da recensão literária feita por Adélio Amaro, no seguinte endereço electrónico:

http://livros.paravenda.net/produtos/932-júlia_guarda_ribeiro_primeira_comunhão.aspx

Muito resumidamente, pegando nas palavras de A. Amaro, autor da citada recensão, “O conto que a Drª Júlia Guarda Ribeiro nos dá a conhecer é uma realidade que não pode ser escondida e que durante muitos anos teve a sua liberdade condicionada a uma confissão”. 

Especificamente sobre o conteúdo, “este conto tem uma personagem principal, que é descrita pela narradora. Esta por sua vez é a filha da personagem principal. Uma mãe, solteira (sublinho o facto desta história se passar pouco depois da 2.ª Guerra Mundial), com uma filha com nove anos (…). Uma jovem a quem o padre negara o direito à comunhão, por ser mãe solteira. Assim, para esta jovem mãe, a sua filha era o seu reino, não o reino dos Céus, mas o reino da afirmação, onde ela se revia”...   – E mais não dizemos, para obrigar a quem queira saber mais a estar presente à sessão de lançamento deste belo livrinho. Pequeno no tamanho, mas grande na essência, pois transmite uma mensagem de amor maternal muito acima de todas as penitências que pudessem ser ditados pela instituição eclesial.

Nota: As obras anteriormente editadas poderão ser consultadas na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo.

Programa Amendoeiras em Flor 2009

PROGRAMA AMENDOEIRAS EM FLOR 2009 - TORRE DE MONCORVO


AUTOR:- TURISMO MONCORVO


VISITE O CONCELHO DE TORRE DE MONCORVO


Programa Festas Amendoeiras em Flor - 2009 - Torre de Moncorvo

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Livro - "Jardim da Alma", de Maria da Assunção Carqueja

Procurando dinamizar a Biblioteca do blog (secção "Livros e Escritores") apelamos a que se coloquem na "montra" as novidades bibliográficas (ou mesmo obras saídas há algum tempo) que sejam de autoria de moncorvenses ou de autores que, embora não sendo daqui originários, versem sobre este rincão.
Porque alguém nos desafiou, há pouco tempo atrás, a postar aqui algo mais de autoria de Maria de Assunção Carqueja, iniciamos esta secção com o seu mais recente livro, de poesia, neste caso, intitulado: "Jardim da Alma".


Maria da Assunção Carqueja nasceu no Felgar, no nosso concelho, licenciou-se em Ciências Histórico-filosóficas na Universidade de Coimbra, tendo exercido a actividade docente, primeiro no ensino liceal, depois orientando estágios para formação de docentes do Ensino Secundário. Autora de diversos trabalhos de investigação, alguns em parceria com seu marido, o Prof. Doutor Adriano Vasco Rodrigues, como por exemplo o estudo das ferrarias do concelho de Torre de Moncorvo (1962), trabalhou no Instituto de Investigação Científica Tropical e, mais tarde, como técnica da União Europeia (Bélgica), no âmbito da metodologia para o ensino da Filosofia. É membro da Associação Internacional dos Professores de Filosofia, sendo autora de livros e artigos nesta especialidade. No que respeita à investigação histórica sobre o nosso concelho, destacamos a sua tese de licenciatura, intitulada "Subsídios para uma monografia de Torre de Moncorvo" (Coimbra, 1955), recentemente revista e publicada, com o título Documentos Medievais de Torre de Moncorvo (ed. da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, 2007), e a monografia do Felgar (2006), em parceria com o Prof. Adriano Vasco Rodrigues. No domínio da poesia, escreveu:
- Versos do meu diário (sob o pseudónimo de Miriam), publicado em 1978,
- Porquê mais que nada, 2002
- Os tempos do tempo, 2005, e, finalmente:
- Jardim da Alma, saído em Dezº de 2008.
Estes últimos livros têm como editor Adriano Vasco Rodrigues e o patrocínio da empresa Carqueja Almonds (exportadora de frutos secos), gerida por Jorge Carqueja Rodrigues, filho da autora.

O prefácio de Jardim da Alma coube ao escritor Mário Cláudio (que, para quem não sabe, tem raízes no concelho de Freixo de Espada à Cinta). Sobre a temática e expressão poética de Assunção Carqueja assim escreveu o ilustre prefaciador:"As linhas de poesia que Maria da Assunção Carqueja Rodrigues nos propõe, privilegiando o soneto como forma comunicante por excelência, decorrem do padrão das grandes inquietações do ser, com o qual historicamente se tece a manta de letras mais duradoura em que nos inserimos"(...) E, mais precisamente sobre este livro, diz: "o fresco ramalhete de afectos que o livro nos oferece, entrelaçados na recorrência da obsidiante reflexão metafísica, cobra acrescidas energias do exercício de uma memória que revisita os lugares de infância, e os converte em sinais tranquilizantes, a marcar o caminho dos 'peregrinos perdidos em qualquer lado'. São as lucilações de uma certa ruralidade transmontana, avistadas no plano em que, 'fundindo-se presente com passado', se experimenta a proximidade de uma infinitude, postulante da vitalíssima fonte onde medos e fracassos se consumam. Também aqui o que se pensa e o que se sente se congregam no casulo em que a alma exulta, princesa acontecida no meio do seu jardim".
Poderíamos seleccionar algum poema mais de índole filosófica, de reflexão pessoal sobre o devir, ou inquietações pessoais da autora, que fosse mais ilustrativo da sua "poiesis". Optámos, no entanto, por razões óbvias, por este preito de homenagem à nossa vila:

MONCORVO
Com seu denso arvoredo
era uma linda serra,
a serra do Roboredo...
E que fértil era a terra!

Entre o monte e o Sabor
cedo se organizou
um povo trabalhador
que Moncorvo se chamou!

O corvo, Deus dos ferreiros
tornou-se o Deus do castelo,
foi bandeira dos guerreiros
que vieram defendê-lo!

Feiras francas se faziam
protegidas pelos reis
que, na vila, bem sabiam
terem vassalos fiéis...

Aos trabalhos dos louceiros,
aos vinhos e cereais
juntavam-se os dos ferreiros
e ainda muitos mais!...

Corria água das fontes
nas encostas e caminhos
e sempre vinha dos montes
a música dos passarinhos!


A bela capa do livro Jardim da Alma, é de autoria de Isabel Rodrigues Konrad, filha da autora.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Exposição de Fotografia


Exposição de Fotografia: Detalhes em Ferro
Fotografias de Aníbal Gonçalves
Abertura da exposição no dia 21 de Fevereiro às 15:30, no Museu do Ferro, em Torre de Moncorvo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Programa das Amendoeiras em Flor 2009


21 de FEVEREIRO (SÁBADO)
11.00H
........Abertura da XXIII FEIRA DE ARTESANATO com actuação da
........Banda Filarmônica de Carviçais
........Largo da Corredoura
12.00H
........Inauguração da Exposição" Arquitecturas da Paisagem
........Vinhateira" - Museu do Douro
........Patente até 21 de Março - Centro de Memória
15.00H
........Actuação da Banda Filarmônica de Carviçais
........Praça Francisco Meireles
22.00H
........Actuação de Viva Brasil e Márcia Valli
........Largo da Corredoura

22 de FEVEREIRO (DOMINGO)
14.00H
........Actuação de David Caetano
........Largo da Corredoura
16.00H
........Actuação de DJ (Anos 80, Música Brasileira e Música Latina)
........Largo da Corredoura

24 de FEVEREIRO (TERÇA- FEIRA Carnaval)
15.00H
........Actuação de José Alberto e sua Banda
........Largo da Corredoura

28 de FEVEREIRO (SÁBADO)
22.00H
........Actuação de Claudisabel e Eduardo Santana
........Largo da Corredoura

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Visita ao Horácio Espalha

Vão já quase 40 anos, publiquei um livro de poemas, "Livro de Visitas" em que faço uma "visita" ao Horácio Espalha. Durante anos partilhámos, diariamente, muitas horas, muitas histórias e outras tantas palavras. Também falava muito com outra figura esquecida, o Álvaro Inês, taxista, picado de bexigas ( ai! estas reminiscências camilianas...), sempre de óculos escuros, fumador de boquilha que fora preso e torturado pela Pide no Porto. Ele e o Horácio Espalha (Horácio Morais com tias que tinham uma pensão onde hoje é o Bom Amigo, ou mesmo ao lado, não estou certo). Não sei por que não se falavam. Mas penso que tinham "ciúmes" um do outro, porque cada um queria reivindicar para si a "instrução revolucionária" ou, pelo menos, subversiva, de alguma juventude de Moncorvo.
O Horácio Espalha morreu já depois do 25 de Abril, andava eu longe de Moncorvo, em contencioso com a Vila e comigo mesmo. Só mais tarde, após um processo lento, em que a aprendizagem da tolerância terá sido a melhor ferramenta, me reconciliei com a Vila, ainda que não comigo mesmo.
Após o 25 de Abril, o Horácio Espalha terá sido um pouco utilizado pela juventude do MRPP que surgiu pujante em Moncorvo, sob a direcção desse homem bom que foi o Toni Americano, infelizmente para todos nós, já falecido. E desiludido, tanto quanto me é dado saber pelas visitas que me fazia em Lisboa,vindo da América, com os seus antigos camaradas.
As minhas relações com o MRPP não eram agradáveis. Meses antes de morrer, o Horácio Espalha escreveu-me uma carta, uma longa e dolorosa carta, cheia de queixas, algumas contra mim, mas reatando uma amizade que, da minha parte, nunca tinha sido desatada.
Quando escrevi este poema, que vou copiar, tinha eu 20 e poucos anos, incluído num livro editado em 1972. Poderá ferir pela sua aparente crueza. Engano, na minha perspectiva, porque sempre apreciei a inutilidade dos deuses, sejam eles da Grécia ou de Moncorvo. E sempre me escondi de manifestações de ternura, para que houvesse ternura.
Prefiro a inutilidade dos deuses à vulgaridade dos homens. Aqui vai o poema, sem correcções, tal qual foi publicado. Espero que não se escandalizem e perdão a um jovem de então que tropeçava na escrita, insultava a metáfora e ainda não sabia que a poesia( como diz Jorge de Sena com outras palavras) é o que de mais inútil há, mas não conheço nada mais importante.

Visita ao Horácio Espalha

Tinha nervos de banha o velho azul olhos de
fogo concentrado em cinzas quentes. Pelas mãos
lhe escorriam os ócios ou as palavras eram
franjas de saliva suja ou os sons eram incómodos
arrítmicos no pasmo. Tinha o velho a dimensão
do pedincha centauro instalado na Vila, pus
que só a morte esguichará par as grandes
planícies do silêncio em que ele não crê, azul e fogo.

Abanava trapos pela violência nas mesas caricaturais
do espaço deposto. Apostava o corpo crueldade obesa
aos olhos educados das gentes decentes que mais decentes
não se viram.Vira vai vem vaia o velho veloz
nervos de banha cinzas quentes. Os dentes desistiram do
dia são os sons bolhas as folhas outonais da
eternidade. Verrugas e rugas unhas sujas prisão de fome
ócios lhe escorrem escorrem palavras palavras pus morrem.

As mãos são ovais como cordas de gestos enforcando a luz.
Domador das estradas que ouviu britar até à silicose
roer os homens, estratega do inútil, do inútil vivendo
sabe de cór a dor, da dor conhece a cor dos gritos,
dos gritos cria a pedra, das pedras soterra a Vila na
morte ---ele o pus, a oratória sangrada, o nada.
ele nada--caminhando pelas fezes pétreas
agrestes rudes que consomem os espaços...

Tinha nervos de banha o velho azul olhos de
chama ou concentração de fome, centauro
a petiscar a morte nos que dela próximos estão
cantor da memória, centauro tagarela e inútil
mito roto, deambula pelo plástico hirto
da dimensão comercial da nossa Vila,único
sobrevivente do tempo dos deuses, esperando
que chuva ou névoa o venha desenterrar da pedra.

Livro de Visitas ( 1972)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Imagens do Castedo


Fotografias captadas no Castedo, num passeio realizado no dia 31 de Janeiro de 2009.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Felgar, hoje

Reza o calendário, confirma-o "O Seringador" que dia 20 de Janeiro foi dia de S. Sebastião.
Calhando numa terça-feira, fez-se a procissão no domingo seguinte.
Apenas a procissão, que isto não está para festas.
No final a Banda da Sociedade Filarmónica Felgarense actuou em frente à igreja matriz.


Ficam o Leonel Brito e o N. Campos nomeados mordomos com direito a uma peça de música: o"Barbanha".
Perdoem, se puderem, a péssima qualidade da filmagem.
Fica a intenção de divulgar a Banda, o Felgar e o Concelho.

Tentem visualizar em HQ. Vê-se um pouco melhor


A. Manuel

Felgar ainda... de "Outros Tempos"

Não tenho dúvidas que a autora deste belo poema tinha o Felgar em mente (um Felgar talvez dos anos 40), quando o escreveu... Importa dizer que a Drª. Maria da Assunção Carqueja foi, também, a autora do hino da sua terra natal ("És tão linda, oh minha aldeia...")

Por isso aqui fica, do seu mais recente livro (saído pelo Natal de 2008), com a devida vénia:

OUTROS TEMPOS...

Aldeia de Trás-os-Montes
com seus palheiros e fontes,
suas casas de granito
dezenas d'anos atrás...
Tantas saudades me traz...
Como tudo era bonito!...

As portas, de par em par,
marcavam o começar
da faina do novo dia...
... e as crianças da escola
levando sua sacola
lá iam em correria!

Brincadeira e gargalhada
pulando pela calçada
tudo dava p'ra brincar,
procurando violetas
nos cantinhos das valetas
ou charcos para saltar!...

Era tudo feito à mão
as meias de algodão,
as botas do sapateiro,
até os linhos vestidos
bordados e coloridos
sem marca de costureiro!

Galinhas com pintainhos,
cavalos e burriquinhos
e carros de bois jungidos
... Tanto me vem à ideia
da vida da minha aldeia
dezenas d' anos volvidos!

Maria da Assunção Carqueja
In Jardim da Alma, poemas.
Dezº. 2008.

Felgar

Como vários Felgarenses se têm mostrado interessados em ver /saber coisas de outros tempos sobre a sua terra, e como eu também me considero Felgarense (a minha avó paterna, Julieta Freire, era natural do Felgar; a família era, nessa altura, conhecida pelos Laranjos), aqui vão o texto do Assis e fotos minhas, em homenagem aos homens do barro e ao Nelson, pelo seu trabalho “Centros Oleiros do Distrito de Bragança”

Leonel Brito












Capelas no Larinho (1)


Tenho a sensação que o Larinho é uma aldeia com uma forte tradição de culto do divino. Um dos aspectos que me surpreendeu foi a quantidade de capelas espalhadas pelos bairros e largos.
A primeira fotografia mostra a capela do Senhor dos Aflitos (1896).
A segunda fotografia mostra uma representação nada simpática (como seria de esperar) das forças do mal, que faz parte de uma imagem da capela de Santo António, seguramente mais antiga do que a primeira.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

De passeio pela Lousa

A primeira fotografia colocada no Blogue sobre a Lousa despertou sentimentos a muitos dos visitantes. Não foi por acaso que lhe chamei "mais alto ainda". É que a situação geográfica da aldeia, quando olhada de Moncorvo, dá um sentimento de liberdade, qual pássaro pousado no galho mais alto de um carvalho, agitado pelo vento. O que sentirão os habitantes da Lousa quando olham Moncorvo?
A sede de concelho sempre esteve muito longe (a Lousa pertenceu ao extinto concelho de Vilarinho da Castanheira). Com o tempo os acessos melhoraram, mas, a Lousa continua distante, solitária no alto da encosta cravada de ciclópicas rochas graníticas. Os seus habitantes desfrutam das mais belas paisagens do concelho; da Serra da Estrela a terras de Espanha, acompanhando o sol desde que nasce, até que se esconde, talvez mergulhado nas águas do Douro.
Nesta minha primeira vista À Descoberta da Lousa, tive tempo para percorrer grande parte da aldeia, do Largo Fonte da Cruz até ao Cabeço, brindado por um céu azul, que a espaços se cobria de nuvens, ora de branco florescente, ora de negro ameaçador.
Hoje publico mais duas fotografias com um agradecimento à Wanda, que, do Brasil, espevitou o meu desejo de visitar a Lousa. Como pode ver Wanda, mesmo num dia de tempestade em todo o Portugal, não tive frio na Lousa (estamos em pleno Inverno!).

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Mais alto ainda

Subir a encosta e chegar à Lousa, já é uma aventura, mas subir ao ponto mais elevado da Lousa é um deslumbramento. Este é um bom lugar para nos deixarmos embriagar de paisagem!

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cortinha da Guarda


Foto dos anos 50, tirada na primitiva cortinha da guarda, local da exposição de fotografia “Detalhes em Ferro” de Aníbal Gonçalves, no próximo dia 21 de Fevereiro. Era então “inquilino” do quartel o Sargento Pires. Na foto, ele, a esposa, os dois filhos (Jorge e Teresinha, hoje casada com o critico de cinema Jorge Leitão Ramos) e vizinhas.

Nota: Não pretendo monopolizar o blog. Esta foto está relacionada com os comentários ao post anterior

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Moncorvo, Zona Quente em Terra Fria


Devido à actualidade dos temas abordados na reportagem “Moncorvo, Zona Quente em Terra Fria”, de Março de 74, no jornal República (da autoria de Fernando Assis Pacheco e fotos minhas), creio ter interesse publicar, por temas isolados, a reportagem na íntegra. Já saíram, neste blogue, “ O sonho das minas” , "A vila passada a pente fino”, "... e lá se foi o castelo”, “Os vizinhos ajudam os vizinhos a partir a amêndoa no inverno” , ”As contas do guarda-rios”. Hoje é a vez de “Gil Vicente entre os jovens,”com encenação do pai do Tiago Rodrigues...
Nota: O grupo “Alma de Ferro””apanhou-me” por acaso em Moncorvo na noite da estreia. Surpreendeu-me pela qualidade. A recuperação do antigo celeiro é notável. Estamos todos de parabéns.

Leonel Brito

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Revitalização

MÓS ANTIGA VILA MEDIEVAL A REVITALIZAÇÃO



O passado histórico de Mós mantém-se, sendo rico o seu património vai-se perdendo, à semelhança do que acontece noutras localidades, acontece porém que compete aos autarcas de cada Freguesia,Vila e Cidade criar incentivos através de roteiros turísticos, de modo a dinamizar as localidades dando a conhecer o vasto património e vestígios históricos, como já acontece noutras terras deste país “ ALGARVE – ALENTEJO” a criação de percursos pedestres, aproveitando locais outrora de interesse económico para as populações seria de realçar para poder dinamizar e trazer mais vida a estes locais perdidos e por vezes esquecidos.

Como roteiro de início, Ferraria da Chapa Cunha apesar de actualmente se encontrar em ruínas, mas como antiga fábrica de ferro, aproveitando o seu passado histórico como primeira ferraria da região ou, mesmo da Península Ibérica, o Castelo em ruínas, Igreja de Santa Maria, Capelas de Santo António – Santa Barbara – Santo Cristo, Fonte Românica, Fonte do Cano, e com bastante interesse de divulgação a Calçada de Mós e os percursos adjacentes à mesma “No passado rede viária de Vila Velha de Santa Cruz com cerca de 700 metros de comprimento“, realçando também as antigas minas do ferronho entre outros locais esquecidos que poderemos descobrir, neste combate da desertificação.

Autor:Cidadão do Mundo

Pelourinho de Mós


PELOURINHO DE MÓS










Na descoberta e na reconstrução do Pelourinho teremos que agradece ao nosso colaborador e amigo JOSÉ SAMBADE que descobriu num muro algo que poderia ser atribuído a um Pelourinho.
No Concelho de Torre de Moncorvo, foi o único recuperável, ao consultar livros deste evento o Pelourinho, de que fala o Abade de Baçal nas suas "Memórias Arqueológicas-Históricas do Distrito de Bragança" do seguinte modo "... Mós - O Pelourinho desta Antiga Vila, sede de Concelho, hoje estupidamente apeado, mas as suas pedras estavam em 1899 na casa dos herdeiros do Doutor Gabriel, não haverá alma generosa que se compadeça do venerando momumento, lídimo brazão nobilitante da terra, reerguendo-o no primitivo local, em frente da antiga casa da Câmara de Mós..." Hoje convertida em sede da Junta de Freguesia e antiga Escola Primária "...também nos fala de actos de vandalismo que terão destruído o referido Pelourinho...".
No local referido pelo Abade Baçal, data da história de que em 1830 ainda se encontrava de pé, data esta da morte da Rainha CARLOTA JOAQUINA DE BORBON, por cujo luto gastou o Concelho de Mós mil e duzentos réis com que pagou por baeta preta para cobrir o Pelourinho desta Vila de Armas, da Casa da Câmara na ocasião de luto pela morte da Sereníssima senhora Rainha. Toda a sua destruição e segundo os historiadores terá sido acto dos ventos do Liberalismo e com a extinção das Vilas abrangidas pela reforma Administrativa de 1836, pelo Dec-Lei do mesmo ano publicado em 2 de Novembro.

Pelourinho de Mós

O Pelourinho de Mós, possivelmente construído no Séc. XVI, perdeu-se na memória e no tempo. Quis o destino que em 1992, seis das pedras que o constituíam fossem encontradas num muro da aldeia.
Hoje, o pelourinho está lá, na praça, enchendo de orgulho os mozeiros, que não se cansam de falar da Antiga Vila de Mós. Esta é só uma amostra do muito que há para "descobrir" nesta aldeia que já foi sede de concelho.

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